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SINAL FECHADO
"Ponto" é concorrido
Ambulantes
expulsam
assaltantes
de semáforo
free-lance para a Folha
Claudinei preferiu não dar seu
nome completo. Casado, com
cinco filhos, diz ganhar R$ 400
por mês vendendo jornais. Procura fazer de tudo para, com os
outros ambulantes que dividem
"oficialmente" o local -o cruzamento da rua Pedroso de Morais
com a avenida Rebouças, região
sudoeste-, preservar o "ponto".
"Numa ocasião, um rapaz começou a fazer assaltos aqui nessa
esquina, e nós o mandamos embora", diz Claudinei. "Não queremos que ninguém atrapalhe nosso negócio", afirma. Há 22 anos
no mesmo local, ele fez amizade
com dezenas de motoristas.
Como semáforos também são
fonte de renda, tomar conta de
um dos 4.600 cruzamentos com
semáforos de São Paulo -ou seja, ser dono de um "ponto", principalmente em um bairro nobre- pode ser um fator decisivo
para enfrentar o desemprego.
No cruzamento da avenida Brasil com a rua Colômbia (região
sudoeste de São Paulo), Roberto
dos Santos e Neide da Costa Santos ocupam o local e são respeitados por outros possíveis vendedores. Eles moram em uma favela
na cidade de Santo André (20 km
ao sul de São Paulo).
Roberto trabalhava como padeiro e está sem emprego há quatro anos, quando decidiu ser ambulante de semáforo. Ele é ajudado pelo seu filho Davi, de 11 anos.
Cada um consegue juntar entre
R$ 30 e R$ 40 por dia.
Neide já trabalhou como faxineira e como funcionária de um
hotel. Há oito anos, ela passou a
vender refrigerantes, sanduíches
e água nesse cruzamento.
"Humilhante"
Ela afirma que gostaria de não
precisar trabalhar dessa forma.
"Por mim, deixaria esse trabalho,
que é humilhante. Muitas pessoas
me tratam com desprezo e indiferença." Seus filhos a ajudam nas
vendas, ainda que isso prejudique
os estudos. "Eu preferiria que eles
pudessem só estudar, mas as dificuldades econômicas me obrigam a trazê-los."
Curiosamente, existe uma lei
municipal que impede a atuação
de vendedores nos cruzamentos
paulistanos. Ela foi criada há dois
anos, com o objetivo de impedir a
ocorrência de assaltos nos semáforos. O desemprego fez com que
essa lei na prática nunca fosse respeitada.
(CHRISTIAN MARRA)
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