São Paulo, domingo, 29 de agosto de 2004

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AR PURO

Peça evita que sujeira e mocroorganismos entrem no carro e exige manutenção anual; nem todos os modelos têm

Motoristas deconhecem o filtro de cabine

FREE-LANCE PARA A FOLHA

Cheiro de carpete molhado no interior do carro, nariz coçando, sensação de ar saturado no habitáculo ou diminuição da eficiência do ar-condicionado. Esses sintomas podem indicar que não é o equipamento de conforto que está com problemas, mas, sim, o filtro de cabine. Um outro alerta é quando o rotor do ventilador começa a emitir ruídos -nesse caso, muito pó se alojou na peça.
Confundido erroneamente com o filtro de ar-condicionado, o filtro de cabine é desconhecido por grande parte dos motoristas. "Só quando são questionados sobre o terem trocado é que tomam conhecimento que existe", diz Alexsandre André, encarregado de instalação da loja Mercadocar.
Em 2002, a fabricante de filtros Fram realizou uma enquete com mais de 800 proprietários de veículos em todo o Brasil. Metade da amostra não conhecia nenhuma marca de filtro e também não se importava com sua utilidade.
O problema é que a informação só consta no manual do proprietário, geralmente abandonado no porta-luvas. Para saber se o carro o tem, é melhor perguntar na revenda. Sua existência depende da versão de acabamento.
"Algumas montadoras não colocam o componente por corte de custo", afirma Ronaldo D'Amico, supervisor de assistência técnica da Fram. Assim, o motorista precisa comprá-lo na autorizada ou em oficinas especializadas em ar-condicionado. Custa, em média, R$ 55 num Ford Ka. Nos casos em que os veículos não são projetados com o equipamento, como o Fiat Mille, não é possível fazer a instalação.
A função da peça é evitar a entrada de bactérias e sujeira no interior do veículo. Ela também impede que o compartimento dos passageiros seja contaminado por poeira, fuligem a até gases nocivos. O filtro de cabine deve ser trocado uma vez por ano ou a cada 15 mil quilômetros.
D'Amico comenta que o filtro de cabine é um produto recente no mercado. ""Há cerca de cinco anos as fábricas começaram a desenvolver projetos com ele, por isso o desconhecimento", explica.
Seu nascimento aconteceu na Europa e envolveu questões de saúde. No inverno, as plantas soltam o pólen, que fica suspenso na atmosfera e pode ser nocivo ao aparelho respiratório. As montadoras, então, incorporaram aos novos projetos um filtro que trabalhasse na ventilação forçada.
"Há dois tipos de filtro de cabine: o antipartículas e o combinado, que bloqueia até gases nocivos por ser feito com carvão ativado", explica Rafael Ubiali Bolzan, diretor de produtos da Mann Filter.
Nos carros com ar-condicionado -55% dos zero-quilômetro o têm-, o acúmulo de ácaros e bactérias agrava-se pela umidade que se junta no filtro. Estudos da Universidade Federal de Minas Gerais mostram que o equipamento reúne três tipos de fungos causadores de alergias.
A Fram tem dados estatísticos que indicam que as pessoas, no habitáculo, estão expostas à poluição seis vezes mais do que quem está na calçada.
Por isso é fundamental manter atualizada a troca do filtro. No caso da Fiat Doblò e do Chevrolet Astra, é preciso desmontar parte do painel. No Peugeot 206, ele é visível e fácil de ser substituído. O preço do componente varia de R$ 30 a R$ 150 -há quem não cobre pela mão-de-obra nos casos mais simples, mas ela costuma ficar na casa dos R$ 20.
Mas atenção: o barato pode sair caro. Segundo Bernardo Kruppa, 23, da Klima Car, o filtro saturado força o motor do ventilador e pode causar a queima da resistência elétrica. (ROSANGELA DE MOURA)


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