|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
DÚVIDAS ÉTICAS [mande sua pergunta para duvidasesticas@uol.com.br]
"Está socialmente errado comprar bala no semáforo, para ajudar?"
CYRUS AFSHAR
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Não dá para dizer sem conhecer cada caso. Mas, quando o
vendedor é criança ou adolescente, o melhor é não comprar.
"Todo estímulo ao trabalho
infantil é inadequado. Ao comprar de uma criança, você está
estimulando a prática, é perverso", afirma Aldaíza Sposati,
professora de pós-graduação
em serviço social da PUC-SP.
A posição defendida por Sposati é a mesma da Secretaria de
Assistência Social de São Paulo.
"A entrada precoce de uma
criança no mundo do trabalho
atrapalha seu desenvolvimento
e escolarização, condenando-a
a uma vida de trabalho mal remunerado", afirmou a secretaria, por meio de nota.
Já na opinião do professor de
ética e política da Unicamp, Roberto Romano, é preciso ponderar se a pessoa que vende
tem alternativas, para saber se
você, ao comprar, está ou não
incentivando uma prática que
julga errônea. "É preciso se colocar no lugar do outro", diz ele.
"Uma escolha ética se faz em
termos de situações existenciais concretas. Não dá para dizer que é antiético comprar ou
não comprar no sinal, porque
existem casos em que uma
criança, um jovem ou até mesmo um adulto estão vendendo
bala porque não têm dinheiro
nem escola", afirma Romano.
A professora de serviço social
PUC-SP lembra, contudo, que
há instrumentos e instituições
de proteção à criança e programas que servem para evitar situações como essa.
Já quando não se trata de
crianças e adolescentes a questão passa a ser sanitária e fiscal
apenas. "Pode ser que essa
mercadoria seja de alguém que,
não pagando impostos, vive à
custa dessas pessoas que lutam
para sobreviver no farol", diz
Romano, da Unicamp.
Texto Anterior: Crítica de loja [questão de gosto e opinião]: Mercadão de plantas Próximo Texto: Maria Inês Dolci [defesa do consumidor]: Aperte o cinto para zerar as dívidas Índice
|