São Paulo, sábado, 21 de novembro de 2009

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DÚVIDAS ÉTICAS [mande sua pergunta para duvidasesticas@uol.com.br]

"Está socialmente errado comprar bala no semáforo, para ajudar?"

CYRUS AFSHAR
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Não dá para dizer sem conhecer cada caso. Mas, quando o vendedor é criança ou adolescente, o melhor é não comprar.
"Todo estímulo ao trabalho infantil é inadequado. Ao comprar de uma criança, você está estimulando a prática, é perverso", afirma Aldaíza Sposati, professora de pós-graduação em serviço social da PUC-SP.
A posição defendida por Sposati é a mesma da Secretaria de Assistência Social de São Paulo. "A entrada precoce de uma criança no mundo do trabalho atrapalha seu desenvolvimento e escolarização, condenando-a a uma vida de trabalho mal remunerado", afirmou a secretaria, por meio de nota.
Já na opinião do professor de ética e política da Unicamp, Roberto Romano, é preciso ponderar se a pessoa que vende tem alternativas, para saber se você, ao comprar, está ou não incentivando uma prática que julga errônea. "É preciso se colocar no lugar do outro", diz ele.
"Uma escolha ética se faz em termos de situações existenciais concretas. Não dá para dizer que é antiético comprar ou não comprar no sinal, porque existem casos em que uma criança, um jovem ou até mesmo um adulto estão vendendo bala porque não têm dinheiro nem escola", afirma Romano.
A professora de serviço social PUC-SP lembra, contudo, que há instrumentos e instituições de proteção à criança e programas que servem para evitar situações como essa.
Já quando não se trata de crianças e adolescentes a questão passa a ser sanitária e fiscal apenas. "Pode ser que essa mercadoria seja de alguém que, não pagando impostos, vive à custa dessas pessoas que lutam para sobreviver no farol", diz Romano, da Unicamp.


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