CINEMA

Na Cama

Romance chileno lembra "Antes do Amanhecer"

Ricardo Calil

Quando tinha apenas 26 anos e um longa-metragem no currículo, o diretor chileno Matias Bíze assumiu um desafio cinematográfico nada desprezível: realizar um filme com apenas dois atores, passado em uma só noite e num único ambiente.

"Na Cama" (2005) começa com uma cena de sexo entre Daniela (Blanca Lewin) e Bruno (Gonzalo Valenzuela). Em seguida, descobrimos que eles acabaram de se conhecer e foram parar em um motel de Santiago.

O filme os acompanha ao longo dessa jornada noite adentro. Eles conversam primeiro sobre amenidades, depois passam para intimidades. Alternam desentendimentos e reconciliações. Criam um vín culo afetivo real, apesar de passageiro.

O longa lembra muito "Antes do Amanhecer" (1995), filme de Richard Linklater estrelado por Julie Delpy e Ethan Hawke, que também registrava esse momento encantador e melancólico em que um desconhecido se torna a pessoa mais íntima do mundo. Mas Bíze ainda não é Linklater.

Embora tenha uma dramaturgia sólida, o filme se torna cansativo pela falta de imaginação visual do diretor (que recorre ao excesso de closes) e pela atuação apenas correta dos dois atores -que nos fazem sentir falta do carisma de Delpy e Hawke.