CINEMA

007 Quantum of Solace

Novo James Bond segue o padrão "Jason Bourne"

Sérgio Rizzo

Ao assumir o papel de James Bond, em "Cassino Royale" (2006), o inglês Daniel Craig parecia entrar em uma competição com os astros que interpretaram antes o espião criado por Ian Flemming, como Sean Connery e Pierce Brosnan, pela preferência do público da série.

Em "007 Quantum of Solace", seu segundo longa na franquia (e o 22º na linhagem oficial), a comparação que se impõe não é mais com os antigos Bond, mas sim com Jason Bourne, o personagem de Matt Damon na trilogia baseada em romances de Robert Ludlum, novo e bem-sucedido padrão para o cinema de ação e espionagem.

O processo de rejuvenescimento do personagem, inaugurado com a contratação de Craig, envolve mais ação física, montagem entrecortada e uso de locações bem variadas. O ponto de partida, incomum para a série, é típico de continuações: o espírito de vingança pela morte de Ves per (Eva Green) no filme anterior, do qual ressurge, além de M (Judi Dench), o aposentado Mathis (Giancarlo Giannini).

O vilão (o francês Mathieu Amalric, de "O Escafandro e a Borboleta" e "A Questão Humana") também é caracterizado com traços mais contemporâneos, como um tubarão da economia globalizada que se faz de empresário "verde" -seu próprio nome, Dominic Greene, já embute um trocadilho- para levar vantagem em supostos projetos de sustentabilidade alinhavados com governos corruptos.

E, quem diria, a participação dos órgãos de inteligência dos EUA em golpes de Estado na América Latina, antes restrita a filmes-denúncia como os de Costa-Gavras, agora é escancarada como assunto de domínio público na série 007. Novos tempos, novo Bond.

Não recomendado para menores de 14 anos.