O ROTEIRO MAIS COMPLETO DE SÃO PAULO |
DE 11 A 17 DE AGOSTO DE 2006 |
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CINEMACafé da Manhã em Plutão Filme britânico alia bizarrice e cultura popChristian Petermann Estréia finalmente no Brasil "Café da Manhã em Plutão", o mais recente trabalho do irlandês Neil Jordan, lembrado pelo segredo de "Traídos pelo Desejo" (92) e pela adaptação de "Entrevista com o Vampiro" (94). O novo filme é digno dos admiráveis dramas que ele já realizou, como "Mona Lisa" (86), "À Procura do Destino" (91) e "Nó na Garganta" (97).Jordan se volta mais uma vez a um universo marginal e violento. Desta vez, porém, seu protagonista enxerga apenas o lado positivo da vida. Patrick "Kitten" Braden (Cillian Murphy) é um travesti que, na Londres dos anos 70, arrebata amigos e amantes e testemunha a política intolerante do IRA (grupo revolucionário irlandês). Em nenhum momento ele esmorece. Personagem concebido no romance homônimo de Patrick McCabe, levado às telas pelo autor e por Jordan, Kitten é fascinante. Ele vê o luxo em qualquer situação, e essa esperança contagia. Uma das maiores forças da obra é, por tanto, a interpretação irrepreensível do jovem Murphy. No mesmo ano em que ele chamou a atenção como vilão em "Batman Begins" e "Vôo Noturno", Cillian também brilhou com as inteligentes nuances de sua composição para Kitten. O pano de fundo histórico é turbulento. O diretor aproveita para, como outro narrador do filme, selecionar uma trilha sonora ímpar. Entre Händel, Cole Porter e Van Morrison, abre espaço também para canções na voz de Gavin Friday, celebridade irlandesa que interpreta Billy Hatchet, um dos namorados de Kitten. A trama, que se parte em 36 episódios e é narrada por pássaros, alia bizarrice, cultura pop e intensas relações humanas de forma luminosa. Jordan é um exímio contador de histórias que compreende o estranho e extrai poesia do inesperado. Percebe-se verdade e grandeza em seus melhores momentos. |
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