EXPOSIÇÕES

Vieira da Silva

MAM resgata obra de modernista portuguesa

Claudio Szynkier

A mostra mais expressiva do MAM em 2007, segundo os organizadores, abre hoje (dia 27) e é regida pela lógica do resgate. A modernista portuguesa naturalizada francesa Maria Helena Vieira da Silva (1908-1992), que viveu no Rio na década de 40, completaria cem anos em 2008.

É uma "comemoração" um pouco antes da hora. Provocou, no entanto, uma ação urgente, que deu origem ao carro-chefe da mostra: o painel de azulejos que Vieira da Silva criou para a Universidade Rural do Rio de Janeiro (na cidade de Seropédica), até pouco tempo desfigurado e largado às traças no interior do Estado, está sendo restaurado para a exposição.

"O painel é dividido em oito peças distribuídas numa parede de 15 m x 4 m. Foi feito no conjunto residencial dos estudantes. No limbo do campus, não na área nobre da reitoria, o que poderia suscitar a ira do establishment que se pautava pelo modernismo brasileiro de cunho nacionalista", esclarece o cura dor Nelson Aguilar.

O resgate do painel será feito gradualmente. O museu armou um aparato de vídeo que permite ao público testemunhar os estágios da restauração. Pouco a pouco, os pedaços do painel serão trazidos para o prédio e farão parte do conjunto da exposição, que propõe reencontrar e resgatar a obra de uma modernista relevante, mas um tanto esquecida.

A mostra ainda traz mais de cem obras, entre pinturas, estudos em guache e registros fotográficos domésticos, que mapeiam toda a vida da artista, inclusive no Brasil. "O Brasil foi um interlúdio. Vieira da Silva, com uma vida reservada em Santa Teresa, ignorou o Rio. Mas a passagem permitiu a ela revisitar a figuração, ainda que cultivasse forte pulsão abstracionista", diz Aguilar.

Parque Ibirapuera - grande sala (av. Pedro Álvares Cabral, s/ nº, por tão 3, Parque Ibirapuera, região sul, tel. 5085-1300). Ter. a dom.: 10h às 18h. Abertura 27/4. Até 3/6. Ingr.: R$ 5,50. Estac. (sistema zona azul - no portão 3). A D I V