PASSEIOS

Especial igrejas

Templos escondem tesouros modernos

Maria Eugênia de Menezes

Para além das imponentes cúpulas neogóticas, adornos barrocos e naves suntuosas, São Paulo guarda em suas igrejas insuspeitas obras de arte moderna. Herdeiros do modernismo, artistas como Alfredo Volpi, Maria Bonomi e Fulvio Penachi deixaram nos altares paulistanos exemplares significativos e reveladores de suas trajetórias. A seguir, um roteiro com alguns desses lugares para visitar neste Natal.

Igreja Nossa Senhora do Perpétuo Socorro

Entre 1958 e 1964, Samson Flexor se dedicou à criação dos afrescos da igreja Nossa Senhora do Perpétuo Socorro. Com cerca de 300 m, a obra grandiosa está dividida em painéis e representa quase 200 personagens. Os admiradores do artista romeno, que executou importantes murais de cunho religioso, poderão reconhecer neste trabalho traços característicos de sua obra, como as linhas geométricas, herdadas do cubismo, e a superposição de cores. No painel do lado direito, que se estende por toda a nave, nomes bíblicos se misturam a figuras curiosas: soldados, um médico, um violinista e um estranho cientista munido de microscópio e tubos de ensaio.
R. Honório Líbero, 100, Jardim Europa, região oeste, tel. 3083-0033. Seg. a sex. e dom.: 7h às 20h. Sáb.: 7h às 21h. Missas: seg. a sex.: 11h. Sáb.: 12h. Dom.: 10h, 12h, 18h e 20h. Dia 24: 19h (missa do galo) . Estac. grátis.

Igreja Nossa Senhora da Paz

No degradado bairro do Glicério, entre cortiços e galpões abandonados, fica a igreja Nossa Senhora da Paz. Erguida na década de 1940, pela comunidade italiana que queria um templo para rezar em sua língua natal, a construção de tijolinhos vermelhos guarda um conjunto de arte sacra capaz de comover até as almas mais descrentes. Espalhados por toda a nave, imensos painéis de pintura mural de Fulvio Penacchi retratam passagens bíblicas. As obras, nas quais o artista do grupo Santa Helena não deixa de colocar os traços dos imigrantes e do cotidiano da cidade, fazem companhia a esculturas, altar e mobiliário talhados por Galileo Emendabili.
R. do Glicério, 225, Liberdade, região central, tel. 3209-5388. Seg. a sex.: 8h às 12h e 14h às 18h. Sáb.: 8h às 12h. Dom.: 7h às 11h. Missas: seg. a sáb.: 19h. Dom.: 8h30, 9h30 e 19h. Dia 24: 20h (missa do galo) . Estac. grátis. D

Igreja da Cruz Torta

A fachada de aparência pouco usual, com o telhado em ângulo reto e uma cruz deitada, rendeu à igreja Nossa Senhora Mãe do Salvador a alcunha de igreja da Cruz Torta. Na década de 1970, o edifício original seria derrubado para dar lugar a um outro, maior e sem as peculiaridades do primeiro. Transparente nas laterais, com vidros que integram a construção ao jardim, o templo também ganhou um enorme painel de concreto de Maria Bonomi, que ornamenta o altar. Ousada em sua forma, a peça é composta por varas de diversos tamanhos, apoiadas no chão, e foi o primeiro trabalho da artista a utilizar essa técnica.
Av. Prof. Frederico Herman Jr., 105, Alto de Pinheiros, região oeste, tel. 3031-8554. Seg. a sex.: 8h às 19h. Sáb. e dom.: 9h às 20h. Missas: seg. a sex.: 18h. Sáb.: 15h. Dom. e dia 25: 12h, 18h e 19h. Dia24: 20h (missa do galo) . D

Capela do Cristo Operário

Maltratados tapumes de madeira escondem o pequeno portão e a escada que levam até a capela do Cristo Operário, no Ipiranga. Construída na década de 1950, a igrejinha era parte de um projeto de ação comunitária com operários de uma fábrica da região e conseguiu envolver em sua concepção destacados artistas e intelectuais. Ao pintor Alfredo Volpi coube a tarefa de criar uma série de vitrais e três pinturas murais que decoram o interior da capela (recentemente restaurada). Deve-se prestar atenção nas cores primárias e nas linhas geométricas dos afrescos, belos exemplares da fase concreta do artista. Os jardins, hoje descaracterizados, foram criados segundo indicações de Burle Marx.
R. São Daniel, 119, Vila Firmiano Pinto, região sul, tel. 5062-5520. Sáb.: 19h. Dom.: 8h30. Dia 24: 20h (missa dogalo). Dia 25: 9h .

Igreja de São Pedro e São Paulo

No caso da igreja de São Pedro e São Paulo o que impressiona não são as obras de arte guardadas em seu interior mas o projeto arquitetônico do edifício, de autoria de Carlos Bratke. Envolvida pela vegetação do parque Alfredo Volpi, no Morumbi, desponta uma imensa estrutura em que o concreto aparece da forma como foi executado. As grandes paredes curvas, dois semicírculos que não se encontram, criam a sensação de acolhida no templo, com capacidade para cerca de mil pessoas. Para reforçar o clima, o arquiteto teve especial atenção com a iluminação e fez com que a luz natural entrasse no ambiente sempre rebatida. A proposta ganha contornos ainda mais interessantes na pequena capela anexa ao prédio.
R. Circular do Bosque, 31, Jardim Guedala, região sul, tel. 3813-4183. Seg. a dom.: 7h às 21h. Missas: seg. a sex.: 11h. Sáb.: 12h. Dom.: 10h, 12h, 18h e 20h. Dia 24:11h e 18h (missa do galo) . Estac. grátis.