TEATRO

A atriz Anna Guilhermina, que encarna a jovem Cacilda Becker Estrela Brazyleira a Vagar - Cacilda!!

Continuação da saga destaca brilho dos atores

Marcos Dávila

"Você pertence a uma geração de atrizes mais feliz que as anteriores. (...) Ora, a nossa geração, no que concerne ao teatro, parece ter surgido à luz do dia num momento privilegiado."

Essas palavras foram endereçadas "em pensamento " à Cacilda Becker (1921-1969), no texto "Carta a uma Jovem Atriz", do professor e crítico teatral Décio de Almeida Prado (1917-2000), em 1949. Passados 60 anos, a jovem atriz Anna Guilhermina encarna a diva em "Estrela Brazyleira a Vagar - Cacilda!!", que estreia neste sábado (dia 3) no teatro Oficina.

Trata-se da segunda parte do conjunto de quatro peças (leia texto ao lado) que partem da vida e da obra de Cacilda Be- cker para narrar a história do teatro brasileiro. Nesta parte, é revivida a pouco conhecida fase em que a atriz viveu no Rio, no frescor de seus 20 anos.

"Mostramos a origem do teatro brasileiro moderno numa fase de esplendor, apesar da ditadura de Vargas e da Segunda Guerra Mundial", fala Zé Celso, que escreveu e dirigiu a peça com Marcelo Drummond. Outras estrelas dessa geração ensolarada, a qual se refere Almeida Prado, aparecem pelo caminho, como Maria Della Costa, Bibi Ferreira, Nelson Rodrigues, Procópio Ferreira e Grande Otelo.

"Nesse vagar, ela topa com uma constelação de artistas. Cada ator tem seu momento de diva e "divo'. É uma poeira de estrelas", diz Zé Celso. Em cinco horas divididas em dois atos, 58 pessoas, entre atores e técnicos, são materializadas no "corpo de multidão" do Oficina.

"Todos nós, que estamos ligados de uma maneira ou de outra ao teatro, não iremos decidir sozinhos o nosso futuro", arremata o professor Décio em sua carta, que segue inspirando tantas primaveras.

Oficina - r. Jaceguai, 520, Bela Vista, região central, tel. 3104-0678. 350 lugares. Sáb. e dom.: 18h. Até 22/11. Ingr.: R$ 40. 300 min. Não recomendado para menores de 16 anos.c

ESTRELA D'ALVA

Na foto com Marcelo Drummond, Bete Coelho era Cacilda no papel de Estragon, de "Esperando Godot", entre tantas outras Cacildas que se moviam pela passarela do Oficina em 1998, ano da estreia da primeira parte da saga. Era a atriz quem terminava o espetáculo, de malas prontas para o Rio de Janeiro. A cena se repete em DVD no início da nova montagem, que se passa no Rio.

SUPERNOVA

Leona Cavalli é a prova concreta do milagre manifesto: "Há muitas Cacildas numa só Cacilda!". É o que diz Zé Celso no texto do programa da primeira parte de "Cacilda!". Foi talvez, na época, o papel mais importante da atriz, que já havia feito a Ofélia da versão de "Hamlet" do Oficina. Ela entrou no lugar de Bete Coelho na terceira temporada da peça.

CONSTELAÇÃO

A atriz Giulia Gam também teve seus momentos de Cacilda nas primeiras temporadas da peça. Ela integrava um elenco estrelado, ao lado de Ligia Cortez, Iara Jamra e Mika Lins, entre outros. A terceira e a quarta parte da saga musical já estão programadas para 2010 e, segundo Zé Celso, muitas atrizes querem participar. Bete Coelho é uma delas.