TEATRO

A INCRÍVEL CONFEITARIA DO SR. PELLICA

Espetáculo relê estrutura farsesca

O que faz de uma peça como "A Incrível Confeitaria do Sr. Pellica", seguindo fórmulas das comédias de Goldoni e Molière -dos séculos 17 18, portanto-, obra tão contemporânea, a ponto de receber cinco indicações para o Prêmio Shell (incluindo melhor autor e diretor)?

"Uma peça que tem estrutura tradicional, se traz idéias pertinentes, faz hoje mais sentido do que a experimentação da linguagem pura e simples", sintetiza Pedro Brício, diretor do espetáculo da companhia Zeppelin, que estréia amanhã (dia 11) no Sesc Santana.

Essa coluna vertebral de "Sr. Pellica", no entanto, sustenta traços de algo bem mais recente: personagens cáusticos, neuróticos, inseguros, niilistas conduzem a história de um confeiteiro em decadência, com esperanças de ganhar um concurso de tortas, mas sem dinheiro para os ingredientes.

Nada que pudesse ter sido feito no século 18, portanto. E se o enredo também se passa nesse período, a metáfora sugerida por Brício serve para os dias de hoje: as tortas do senhor Pellica, segundo o autor, simbolizam a arte e sua sobrevivência em tempos de guerra.[Gustavo Fioratti]

Sesc Santana - teatro (av. Luiz Dumont Villares, 579, Santana, região norte, tel. 6971-8700). 349 lugares. Sáb.: 21h. Dom.: 19h. Até 2/4. Ingr.: R$ 4 a R$ 10. Estac. c/ manob. (R$ 3,50 e R$ 7 mais hora adicional). Ar-condicionado Acesso a deficientes