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DE SÃO PAULO
Guia da Folha
 

DE 21 A 27 DE MARÇO DE 2008

 

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TEATRO

Praça Roosevelt

Peças alternativas aderem às convenções

Sérgio Salvia Coelho

Décadas atrás, o teatro alternativo paulista identificava como "teatro de sofá" o convencionalismo a derrubar. Passagem de tempo: em "Amor e Restos Humanos", montagem de Marco Antônio Pâmio para o texto de Brad Fraser, o menosprezo jocoso vai para o personagem ingênuo que olha para o "futon" da descolada protagonista e o chama de tofu.

Do sofá ao "futon", o alternativo acabou reencontrando assento em moldes também previsíveis. A praça Roosevelt passou de gueto a plural ponto de encontro, mas toda essa abundante produção continua sendo experimental? Basta ver em seqüência "Amor e Restos Humanos" e "O Arquiteto e o Imperador da Assíria", montagem de Haroldo Costa para o "clássico" de Fernando Arrabal, para reconhecer um protocolo do alternativo.

A falta de dinheiro e a fé no ator criador fazem do ator a medida de todos os cenários: entre a arquitetura em módulos (como o "futon" que se desloca em "Amor...") ou a decoração alegórica (como os eletrodomésticos sucateados e "victorgarcianos" de Costa), sobra pouco espaço para a pesquisa cenográfica. Os atores, no entanto, ganham a cumplicidade do público só na recitação performática, dividindo o palco com projeções, e pagando aqui e ali uma nudez breve e uma alusão às drogas e ao homossexualismo, como numa cartilha da transgressão.

Basta para garantir o aplauso de uma platéia fiel e auto-referente que, aos poucos, vai perdendo o ânimo de levantar da mesa do bar para ir até a platéia. Domina o déjà vu. Costa, liberto da tutela do teatro Oficina, mantém-se fiel, no entanto, ao procedimento da alegoria do noticiário. Cumprida com louvor sua primeira tarefa, a de se provar sustentável, resta à praça voltar à experimentação. Uma outra platéia, nova e ávida de novo, talvez seja a saída do impasse.
Capa

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