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Testes definem perfis profissionais e ajudam a aumentar a produtividade

Saber se um profissional é extrovertido, racional ou intuitivo não ajuda só a área de recursos humanos a encontrar o funcionário perfeito para uma vaga. Ajuda também o próprio profissional a se conhecer, entender melhor os colegas e tirar vantagem disso.

"Conhecendo seus pontos fortes e fracos, a pessoa se torna mais tolerante e empática", afirma Joel Souza Dutra, doutor em administração e especialista em gestão de pessoas.

Testes de personalidade usados para recrutamento podem ajudar no autoconhecimento. O mais usado no Brasil é o MBTI (sigla em inglês para Indicador de Tipos Myers-Briggs), criado nos anos 1920 nos EUA, com base na teoria do psicanalista Carl Jung (1875-1961).

O método determina quatro dimensões opostas de comportamento, como extroversão e introversão (veja ao lado). Combinando uma característica de cada dimensão, é possível encontrar 16 tipos diferentes de temperamento. Por exemplo: uma pessoa pode ser, ao mesmo tempo, extrovertida, dedutiva, racional e julgadora.

Há outros métodos, como o Diagnóstico de Tipo Psicológico (DTP), criado por Tania Casado, professora da USP e doutora em administração, e o Preferências Humanas, do psicólogo Fernando Seacero, da consultoria i9ação. As avaliações podem ter até 150 questões e devem ser aplicadas por psicólogos.

Danilo Verpa/Folhapress
O matemático Ângelo Almeida, 42, em São Paulo
O matemático Ângelo Almeida, 42, em São Paulo

LUGAR CERTO

Depois de fazer um teste de comportamento, o matemático Ângelo Almeida, 42, teve certeza que estava no emprego certo. A avaliação determinou que ele tem um perfil analítico e boa capacidade de planejamento, habilidades que ele usa trabalhando como gerente de projetos.

"Vi que minha opção por esse setor fazia sentido, porque tenho características necessárias para fazer bem o meu trabalho", diz. Seu perfil é pragmático, do tipo que ouve, pensa e só depois responde.

"O teste ajudou a me cobrar menos e aceitar que não sou bom em áreas como comunicação. Em compensação, sou ótimo mediador de conflitos", fala.

Depois de fazer um teste de personalidade, a consultora empresarial Magda Vila, 66, que tem um perfil expansivo e comunicativo, entendeu por que achava que alguns profissionais não gostavam dos seus treinamentos.

"Falo rápido, penso em voz alta e faço piadas. Como ministro treinamentos, achava que os mais introspectivos ficavam incomodados ou não gostavam da aula. Hoje vejo que algumas pessoas preferem menos brincadeiras e mais silêncio, então procuro sempre me adaptar."

Quem é você?

OBJETIVOS

Para Fernando Seacero, que criou sua própria metodologia de teste de personalidade em 2005, as avaliações podem ser usadas para aumentar a produtividade, mas esse não deve ser o foco principal.

"O objetivo é desenvolver o indivíduo e aproveitar seu potencial, talento e preferências", afirma.

Dentro das empresas, a identificação de tipos psicológicos pode ajudar tanto na contratação quanto na mudança de área de um profissional -alocar um extrovertido no setor de vendas, por exemplo.

"Há empresas que só deixam líderes com perfis comportamentais alinhados à sua cultura interna subirem a hierarquia corporativa", afirma Tania Casado, que desde 1988 estuda o assunto.

O problema, segundo ela, é limitar o desenvolvimento profissional dos funcionários com base nas metodologias. "A avaliação deve fazer com que ele se expanda com as características que possui."

Para Dutra, professor da FIA (Fundação Instituto de Administração), a análise é útil para montar um plano de carreira, mas deve ser um complemento.

"O profissional também deve refletir sobre suas experiências e conversar com amigos e parentes, que podem trazer pontos de vista até então ignorados", diz.

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