Aderir ao "dress code", norma muitas vezes informal que rege a vestimenta dos funcionários de uma empresa, pode ser uma estratégia para se destacar no trabalho.
"Sem um traje adequado, a pessoa precisará de mais tempo e disposição para passar uma boa imagem, necessária para sua ascensão", afirma Nilson Pereira, CEO da consultoria de recrutamento ManpowerGroup.
Isso acontece porque a forma como os profissionais se vestem reflete o jeito de ser da organização, explica Tânia Casado, doutora em administração e professora da USP. Não acatar essa orientação é como deixar de respeitar os valores da empresa.
"Quem só traz a competência técnica vai competir com profissionais que oferecem ambos: dotes intelectuais e aderência ao modelo", diz.
Além disso, a roupa ainda é vista por muitos profissionais como prova de sucesso e competência, diz a doutora em administração e professora da FGV (Fundação Getulio Vargas) Leticia Menegon.
Karime Xavier/Folhapress | ||
Juliana Poli, 30, e Marcos Contente, 29, da start-up Singu, que não tem dress code definido |
"O traje dá indicações de estrato social e de renda, por exemplo, e por isso pesa na avaliação que os outros fazem de você", explica.
A administradora Juliana Bagatin, 34, da Bayer, acha que uma boa apresentação é fundamental e abusa de modelos clássicos como terninho, vestidos e salto alto.
"Uma roupa muito relaxada não passa a assertividade e credibilidade que preciso transmitir. Por isso, camiseta e tênis, jamais", diz.
Para Bagatin, seu código de vestimenta pessoal influenciou colegas. "Por ser gestora, outros profissionais seguem o exemplo ao verem que estou sempre arrumada."
CASUAL TODO DIA
Se antes o "dress code" de muitas empresas era rígido, agora as normas estão sendo flexibilizadas até em setores tradicionais, como o farmacêutico.
Na alemã Bayer, as regras engessadas perderam espaço para o "business casual", que dispensa a gravata e até permite jeans e tênis.
"Queremos nos concentrar mais no comportamento e menos na roupa", diz a diretora de RH Elisabete Rello.
Mas isso não significa que liberou geral.
Manter o decoro e ver que informalidade não é sinônimo de desleixo é fundamental, segundo Pereira, da ManpowerGroup.
No universo das start-ups, porém, a criatividade fala mais alto do que as regras. É assim no escritório do aplicativo Singu, de contratação de profissionais do ramo da beleza, em São Paulo.
"Sou contra essas normas rígidas a respeito de roupa, e acredito que os funcionários se sentiriam desconfortáveis com elas", diz o fundador, Tallis Gomes.
Desenvolvedor do aplicativo, Marcos Contente, 29, já passou por organizações tradicionais e diz não sentir saudade dos tempos em que trabalhava de terno e gravata.
"Hoje, se não preciso lidar com clientes, visto bermuda, alpargatas e camiseta, e busco trabalhar em lugares mais informais", afirma.
A diretora de marketing do Singu, Juliana Poli, 30, não abre mão de jeans, tênis e camiseta. Quando precisa se arrumar mais, veste um blazer. "Não gosto de roupas tão formais. Eu me sinto sem identidade, definitivamente não combina comigo."
Para ela, a roupa ajuda na ascensão profissional desde que aquela pessoa esteja à vontade com o que usa. "Um terninho com sapatilha não ia me fazer sentir muito segura, por isso uso peças que têm a minha cara."
A professora do curso de moda do Senac Monayna Pinheiro concorda com a diretora de marketing e reforça a questão da confiança do profissional com o que veste.
"Não há como passar credibilidade sem autoconfiança, por isso o profissional deve se conhecer bem e saber do que gosta", diz.
A dica é caçar referências de estilo e observar colegas e superiores para sentir o tom da cultura da empresa.
Quem anda sem boas ideias para compor o look do trabalho pode procurá-las em sites de moda na internet ou em livros especializados em styling, diz Pinheiro.
Para Marcio Banfi, coordenador da pós em Styling e Imagem de Moda da Faculdade Santa Marcelina, é possível ter estilo próprio mesmo quando as regras são rígidas.
"Em vez de negar as normas, invista em peças básicas e use-as com acessórios ou gravatas modernas."
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