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Saiba como valorizar seu passe no mercado de trabalho

Para ser valorizado no mercado e ganhar mais, tão importante quanto fazer cursos de pós-graduação e de idiomas é saber aplicar esses conhecimentos no trabalho.

"Tem gente que fica só estudando e não tem uma história de realização", afirma José Augusto Minarelli, presidente da consultoria Lens & Minarelli. "Uma boa mistura de teoria e prática é o que faz o passe do profissional valer mais."

Karime Xavier/Folhapress
A promotora de eventos Nathalia Ávila, 30, na empresa em que trabalha na avenida Paulista, em São Paulo
A promotora de eventos Nathalia Ávila, 30, na empresa em que trabalha na avenida Paulista, em São Paulo

Ao ser contratada por uma empresa de eventos corporativos, Nathalia Ávila, 30, não falava inglês. Em três anos na companhia, conseguiu crescer, mas a falta do idioma era uma barreira para assumir trabalhos fora do país.

Juntou dinheiro para passar um ano em Vancouver, no Canadá, e aprender a língua. Para isso, precisou pedir demissão em 2013.

Antes de voltar ao Brasil Nathalia mandou seu currículo para várias empresas, tentando uma recolocação. O esforço nem foi necessário. Mal aterrissou no país, e a companhia em que trabalhava já a chamou de volta.

"Por mais que hoje o inglês seja comum, nem todo o mundo tem ao mesmo tempo o idioma e uma boa vivência profissional", afirma Nathalia.

Ela entrou no departamento internacional da organização ganhando o dobro do salário anterior. Em seguida, matriculou-se no curso de espanhol e, um ano depois, no de francês e num MBA em gestão de eventos e cerimonial de luxo.

Com os novos conhecimentos, assumiu mais responsabilidades na empresa. Isso resultou em promoções e aumentos de salário, que hoje é sete vezes maior do que o inicial.

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Um profissional especialista (engenheiro, por exemplo) com pós ou MBA ganha, em média, 47% a mais comparado ao que não tem essa qualificação, mostra pesquisa da Catho Educação, feita com 2 milhões de pessoas no país.

Em relação ao inglês, um analista com idioma fluente tem salário médio R$ 5.132, enquanto um com nível básico, R$ 3.665. Em um cargo de gerência, a diferença chega a R$ 6.000.

Mas não adianta achar que com pós e inglês salário está garantido. "A busca pelo conhecimento deve ser constante. Quem está sempre atualizado e consegue demonstrar isso é que se mantém valorizado", diz Fernando Gaiofatto, gerente da Catho Educação.

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Perguntas e respostas sobre crescimento profissional

Um curso de pós-graduação sempre enriquece o currículo?

Não necessariamente. "Fazer um curso para colocar um diploma na parede é bobagem", afirma Fernando Mantovani, diretor geral da consultoria Robert Half.

Para saber no que investir, ele recomenda que o profissional descubra, primeiro, aonde quer chegar.

Depois, deve olhar em redes sociais profissionais os currículos daqueles que ocupam a posição desejada e comparar a formação e a experiência que todos têm em comum e o que falta para alcançá-las.

A partir daí, a pessoa terá base para saber o que é valorizado na conquista desse posto.

O engenheiro eletricista Guilherme Rodrigues, 28, trabalha em uma empresa fornecedora de internet. No começo deste ano, começou um MBA em gestão de TI (tecnologia da informação) inspirado no chefe, que está fazendo um curso do mesmo tipo.

"Na empresa não há um plano de carreira. Quis trilhar um caminho similar", afirma.

Além de aprofundar na área de TI, o objetivo de Guilherme é aprender mais sobre liderança e gestão de pessoas para estar pronto para os próximos desafios e promoções.

Eduardo Anizelli/Folhapress
O engenheiro eletricista Guilherme Rodrigues, 28, em seu escritório em SP
O engenheiro eletricista Guilherme Rodrigues, 28, em seu escritório em SP

Um mestrado vale mais que um MBA?

Depende da área de atuação do profissional e da empresa. Segundo a pesquisa da Catho Educação, um analista com mestrado ou doutorado ganha 118% a mais que um profissional do mesmo nível hierárquico com pós ou MBA.

Mas isso não significa que haja uma relação direta entre uma coisa e a outra.

De acordo com Fernando Gaiofatto, gerente da instituição, a explicação está na falta de experiência de quem normalmente ocupa o cargo. Como o MBA é um curso mais curto, quando a pessoa se forma, ainda falta a ela realizações que justifiquem o aumento do salário.

Já entre os analistas, o mestrado e doutorado são mais raros e os cursos demoram mais tempo.

O incremento do salário é, então, uma junção de qualificação e trajetória.

Já no nível de direção, com profissionais mais experientes, a diferença entre os dois grupos é de apenas 2,8%.

Ter experiência em apenas uma empresa deprecia o currículo?

A pessoa pode ter trabalhado a vida inteira em uma só companhia, mas ter passado por várias áreas com realizações importantes em cada uma delas.

"O profissional precisa mostrar a movimentação que fez ali dentro, para deixar claro que não houve acomodação", diz Beatriz Braga, coordenadora do mestrado profissional em gestão e competitividade da FGV (Fundação Getulio Vargas).

Mas se ele ficou na mesma posição por muitos anos, a não ser que seja o presidente da organização, a situação já fica um pouco mais complicada, segundo Braga.

"Não que a pessoa tenha que sair da empresa só para o currículo ficar bonito, mas, se ela está há muito tempo no mesmo lugar, isso mostra que a carreira estagnou", afirma.

Devo tentar aumentar meu salário levando à empresa uma proposta de outra companhia?

"Isso é um tiro no pé", afirma Fernando Mantovani, da Robert Half. Essa atitude, em geral, é mal vista pelos dois lados, segundo ele.

Pela empresa que ofereceu a proposta, porque o profissional participou do processo seletivo até o fim, se comprometeu em começar no cargo e deixou a companhia na mão.

E pela empresa atual, que pode se sentir chantageada. "Numa necessidade de corte na equipe, o gestor vai se lembrar de que o profissional estava procurando emprego outro dia", afirma Mantovani.

Assim, o melhor é ter uma conversa franca com o gestor. Não significa questionar "vai me dar um aumento?", mas saber como está seu desempenho e se precisa fazer algo a mais para se desenvolver.

Se estiver tudo certo, num segundo momento, vale perguntar ao chefe se pode esperar por um incremento no salário, de quanto e em qual prazo. Se não for suficiente, é hora de buscar uma oportunidade em outro lugar.

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