| Bruno Santos/Folhapress | ||
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| Saulo Simoni Nacif, sócio da consultoria Global Perfomance, que fez mestrado profissional na FGV-SP |
A oferta de cursos de mestrado profissional está em expansão no Brasil.
O número desses programas só na área de administração (que inclui também ciências contábeis e turismo) passou de 24 para 74 entre 2007 e 2017, segundo a Capes (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior), fundação ligada ao MEC que regula a pós-graduação stricto sensu (que compreende o mestrado e o doutorado).
Enquanto um MBA tradicional tem ênfase em aspectos relacionados a gestão, liderança e visão estratégica de modo mais generalista, o mestrado profissional usa o método científico para resolver problemas mais complexos do mundo corporativo.
"Isso inclui pesquisa científica, revisão bibliográfica, coleta de dados, teste de hipóteses, relatórios técnicos e capacidade analítica. O aluno se prepara para ser alguém capaz de fazer pesquisa mais robusta nas organizações", diz Silvio Laban, coordenador do mestrado profissional em administração do Insper.
"O MBA é como uma caixa de ferramentas. Você aprende a usar o alicate e sabe que ele serve para tal finalidade. No mestrado profissional, você precisará usar não só o alicate, mas vai ter que pegar outras ferramentas e combiná-las de modo mais sofisticado", compara Gilberto Sarfati, coordenador do mestrado profissional em gestão para a competitividade da FGV-Eaesp.
Laban atribui a expansão desses programas a um duplo atrativo: a necessidade que as pessoas têm de desenvolver a habilidade analítica e continuar na atividade executiva.
"E com a proliferação dos MBAs, que não são regulados, existe uma preocupação com a qualidade desses cursos, e aí o mestrado profissional tem outra vantagem que é a validação pela Capes", diz.
"Como consequência dessa expansão, há um aumento da qualidade da gestão das organizações, que passam a tomar decisões baseadas em métodos científicos, e não na intuição", afirma Safarti.
Em geral, quem opta pelo mestrado profissional já fez um MBA. "No meu programa, 85% dos alunos concluíram uma pós ou especialização e 35%, até mais de uma", diz ele.
Esse é o caso do engenheiro mecânico-aeronáutico Saulo Simoni Nacif, 49, que concluiu o mestrado profissional em gestão para a competitividade da FGV em junho. Ele já tinha feito um MBA na Simon School of Business da Universidade de Rochester (EUA).
Em 2016, Saulo e outros sócios fundaram a consultoria Global Perfomance, especializada em fusões e aquisições, estratégia e melhoria de performance. "Um exemplo de aplicação dos conhecimentos do curso foi quando estruturamos a transação de venda de uma empresa do ramo alimentício de forma a otimizar o impacto tributário dentro dos limites éticos e legais."
Buscar resposta para problemas práticos também motivou o cientista da computação Fabrício Garcia Imbrizi, 38, a fazer o mestrado profissional em gestão de projetos da Uninove, concluído em 2014.
Na época, ele era gestor técnico de desenvolvimento de software da Atos, multinacional de soluções em tecnologia, e seu trabalho de conclusão de curso tratou da questão que enfrentava.
"Foi um estudo de caso para conseguir distribuir de modo equilibrado variantes como quantidade de pessoas, recursos financeiros e tempo em diferentes projetos que acontecem simultaneamente". Fabrício é hoje gestor global de riscos da Atos e foi transferido para a França.
"Além de contribuir para a progressão na carreira, o mestrado profissional é uma formação em stricto sensu, ainda abre portas para a docência", afirma Cristina Martens, coordenadora do curso da Uninove.
FGV (administração de empresas), Insper (administração) e Uninove (gestão de projetos) têm os mestrados profissionais mais bem avaliados pela Capes em São Paulo.
Evolução natural dos mestrados profissionais, os doutorados profissionais foram aprovados pelo MEC em março do ano passado. As propostas de cursos, porém, estão em processo de avaliação e, segundo a Capes, devem ser apreciadas em novembro.