| Luiz Carlos Murauskas/Folhapress | ||
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| O empresário Filipe Bragança em seu apartamento no Itaim Bibi |
Ter um mercado na mesma quadra de casa, uma farmácia na esquina e um shopping ao qual seja possível chegar a pé são os principais desejos do paulistano na hora de escolher onde morar na cidade.
Segundo pesquisa Datafolha, um em cada quatro paulistanos diz que a maior vantagem de seu bairro é a oferta de comércio próximo. O item vem antes da proximidade com transporte público (21%) e do acesso fácil (17%).
Para o arquiteto e urbanista Newton Massafumi Yamato, da Escola da Cidade, os três temas estão relacionados. "As pessoas têm dificuldade em se locomover, então querem lojas perto."
As regiões com zonas comerciais consolidadas incluem lojas de rua, supermercados e shoppings. São locais como a avenida Paulista (no centro), o bairro de Pinheiros (oeste) e o entorno da avenida Celso Garcia (leste).
"As pessoas querem estar perto de tudo. Isso ajuda a valorizar os imóveis", diz Mirella Raquel Parpinelle, diretora de marketing e atendimento da imobiliária Lopes.
"É uma tendência mundial", completa Claudio Bernardes, ex-presidente do Secovi-SP (sindicato do setor) e colunista da Folha.
Para Valter Caldana, arquiteto e urbanista, professor da Universidade Presbiteriana Mackenzie, os paulistanos passaram a valorizar mais a qualidade de vida. O mercado imobiliário está atento a esse movimento e investe em regiões que mesclam comércio e residência.
Parpinelle, da Lopes, aponta o Itaim Bibi e a Vila Olímpia (zona oeste) como exemplos. "A região tem um eixo de prédios comerciais que cresceu muito e trouxe com ele um shopping e lojas de rua. Agora chegam os empreendimentos residenciais."
Foi a praticidade que levou o empresário Filipe Bragança, 33, a mudar de um condomínio em Itapecerica da Serra (Grande São Paulo) para um apartamento no Itaim. "É possível fazer tudo a pé", diz.
Segundo Caldana, a zona leste tem potencial para ter zonas mistas. O Bio Tatuapé, empreendimento da Even perto da avenida Celso Garcia, busca atender a essa demanda. O prédio tem imóveis de dois e três quartos com até 86 m² a partir de R$ 460 mil.
PROBLEMAS
A proximidade com o comércio não agrada a todos. "É um público específico, que gosta de uma região mais movimentada. É diferente de quem prefere algo mais tranquilo e vai para o Morumbi, onde precisa pegar o carro para tudo", diz Parpinelle.
Além disso, ela também cita outros problemas comuns nessas regiões, como ruídos e trânsito. "A pessoa quer estar perto de um supermercado, mas não quer estar perto da doca onde chegam os produtos, porque há barulho."
O diretor de marketing Fábio Henrique dos Santos, 30, mora na rua Augusta (região central) desde janeiro e considera o local barulhento às vezes, mas afirma que a oferta de comércio na região faz valer a pena. "Tem farmácia, mercadinho e shopping. Nem encosto no carro", diz.