Imóveis com menos de 45 m², chamados de "compactos", estão entre os mais procurados pelos paulistanos.
Segundo levantamento do Secovi-SP (Sindicato da Habitação), 2.567 apartamentos desse tipo foram vendidos entre janeiro e junho deste ano, atrás apenas dos que têm entre 45 m² e 65 m² (2.885).
Atraída pela praticidade na hora da limpeza e da organização, segundo diz, a administradora Raquel Schauff, 33, comprou um "pequeno" de 35 m² na Vila Olímpia, zona oeste da capital.
Para superar a falta de espaço, o projeto, assinado pelas arquitetas Patrícia de Palma e Fabiana Silveira, do escritório SP Studio, deu função dupla a móveis. A parte de baixo do sofá, por exemplo, esconde uma sapateira.
| Bruno Santos/Folhapress | ||
 |
||
| A administradora Raquel Schauff em seu apartamento de 35 m² na Vila Olímpia |
A metragem impõe algumas restrições. "Não consigo fazer uma feijoada, porque o cheiro persiste durante todo o fim de semana."
Já para quem divide um compacto, a vivência é "intensa", conta a assessora de comunicação Tatiana Almeida Ventura, 35. Ela mora com marido e cachorro em um imóvel de 27 m² na região central. "Tem que se dar muito bem com o marido e gostar muito do cachorro", brinca.
A rotina envolve momentos do tipo "todos juntos, ao mesmo tempo". "Às vezes um está escovando os dentes, o outro tomando banho, e o cachorro fica ao lado", diz.
Mas o apartamento tem uma planta bem distribuída, diz a moradora. "Existe a possibilidade de morar em um compacto e não acordar com a cara na pia."
ÁREAS COBIÇADAS
Para além das particularidades, os dois imóveis ficam em regiões cobiçadas pelas incorporadoras que atuam nesse segmento, por causa da oferta de serviços e do acesso ao transporte público.
"Eu não vendo apartamentos, mas, sim, o melhor sanduíche da cidade, uma das melhores casas noturnas e a biblioteca Mário de Andrade", afirma Antonio Setin, dono da incorporadora que leva seu sobrenome.
Atualmente, o segmento responde por 30% do portfólio da companhia. Todos os imóveis estão no centro.
| Adriano Vizoni/Folhapress | ||
 |
||
| Tatiana Ventura e seu marido, Fabio, no imóvel de 27 m² |
Um deles é o Downtown República, que fica a 250 metros da estação de metrô de mesmo nome. As unidades variam entre 27 m² e 49 m², e o preço parte de R$ 302,5 mil. A previsão de entrega é fevereiro de 2018.
A cerca de 1,5 km de distância fica o Downtown Praça da Sé, também da Setin, que tem estúdios de 22 m² a partir de R$ 229 mil. A entrega deve ocorrer em abril de 2018.
Os dois empreendimentos têm tomadas USB nas unidades, conexão wi-fi nas áreas comuns, fechaduras biométricas e lavanderia.
A Vitacon Incorporadora e Construtora também investe nesse mercado, movimentado por jovens -casais e solteiros-, mas voltou a atenção para a região em torno das avenidas Paulista, Faria Lima e Berrini, que concentram prédios de escritórios. "A ideia é evitar que as pessoas façam grandes deslocamentos para chegar ao trabalho ou levar os filhos à escola", explica Alexandre Frankel, CEO da companhia.
Um dos lançamentos mais recentes da Vitacon é o empreendimento VN Alvorada, na Vila Olímpia.
Com previsão de entrega para 2019 e unidades a partir de 23 m², o condomínio tem bicicletário, lavanderia coletiva e espaço "coworking".