Publicidade

Pioneiro do luxo, edifício Columbus foi demolido para construção de garagem

A história dos imóveis de alto padrão em São Paulo teve início em 1932 com a construção do Edifício Columbus pelo arquiteto Rino Levi (1901-1965), na Avenida Brigadeiro Luís Antônio, região central da cidade.

"Era um prédio muito bem acabado. Tinha quatro apartamentos por andar, dois quartos, uma boa sala, mas nada de extravagante. Hoje, ele não seria considerado de luxo, mas, para a época, era um padrão acima do normal", explica Paulo Bruna, ex-sócio de Levi e professor da Faculdade de Arquitetura de Urbanismo da Universidade de São Paulo.

Reprodução
O primeiro edificio residencial de luxo em Sao Paulo Em 1932 a arquitetura de Sao Paulo foi alterada pelo surgimento de um predio revolucionario, o edifício Columbus, na avenida Brigadeiro Luis Antonio, com nove andares, esquadrias metalicas e aquecimento central. Projeto de Rino Levi: Edificio Columbus Foto: Reproducao ***DIREITOS RESERVADOS. NÃO PUBLICAR SEM AUTORIZAÇÃO DO DETENTOR DOS DIREITOS AUTORAIS E DE IMAGEM***
Construído em 1932, edifício Columbus foi obra do arquiteto Rino Levi

A construção do Columbus surgiu como investimento de uma família. "Naquela época, era comum ver edifícios construídos por grupos de pessoas com recursos a investir. Os bancos tinham poucas alternativas de investimento, o que sobrava da plantação de café ou de outros negócios ia para o setor imobiliário", explica Paulo Bruna.

Apesar de Levi ter estudado na Itália, suas obras tinham influência alemã, presente no Columbus. "O edifício tinha um hall de mármore, uma decoração frontal trabalhada, era um art déco muito bem feito."

O prédio se destacava na região central, à época repleta de casas. "Do Columbus você podia ir caminhando até o Largo São Francisco, até o centro dos negócios da cidade", diz Paulo Bruna.

Outro destaque era o espaço para lojas na parte debaixo do prédio, incluindo uma camisaria que funcionou ali por muitos anos.

O edifício de Levi foi considerado também um marco para a cidade em um período em que ela estava se modernizando. "O Rino foi dos precursores do movimento moderno. O Columbus expressava essa imagem de crescimento da cidade", diz Gilberto Belleza, presidente do Conselho de Arquitetura e Urbanismo de São Paulo.

Segundo Belleza, a representação do luxo, como visto no Columbus, estava associada à boa qualidade da arquitetura e não só à beleza.

Silvia Ferreira Santos Wolff, da Unidade de Preservação do Patrimônio Histórico da Secretaria da Cultura do Estado, corrobora. "A marca do Rino era fazer arquitetura com racionalidade, ser um construtor aliando a qualidade plástica."

Nos anos 70, contudo, o conceito por trás do edifício já não era mais sinônimo de luxo e o prédio de pavimentos de granito foi demolido pela prefeitura, que tinha planos de construir no local uma garagem. O projeto, contudo, nunca saiu do papel.

"Hoje, ele seria tombado. É um prédio que merece atenção", diz Paulo Bruna.

Publicidade
Publicidade
Publicidade