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centro e zona norte

Parque Edu Chaves é homenagem ao criador da ponte aérea Rio-São Paulo

Edu Chaves circula todos os dias por São Paulo, percorrendo um trajeto que inclui o centro e as zonas oeste e norte da cidade.

Trata-se, na realidade, de uma linha de ônibus, cujo ponto final é a rua Rei Alberto, justamente no Parque Edu Chaves (zona norte).

Não se tem notícia de que Edu, a pessoa, tenha usado transporte público na vida. Filho de cafeicultores ricos, gostava mesmo era de aviões.

O paulista Eduardo Pacheco Chaves (1887-1975) é considerado um dos pioneiros da aviação brasileira.

Seu maior feito aconteceu no dia 5 de julho de 1914. Saiu do bairro da Mooca (São Paulo), às 9h45, a bordo de um avião Bleriot de 80 cavalos, e pousou no Campo dos Afonsos, atual Base Aérea dos Afonsos, no Rio, às 14h10. Inaugurava-se a ponte aérea.

A altitude de voo, naquela época, chegava no máximo a 3.000 metros, diz Claudia Musa Fay, professora do programa de pós-graduação em história da PUC-RS. "Era o que a potência do motor permitia."

Arquivo/Folhapress
O aviador Edu Chaves
O aviador Edu Chaves

Três anos antes, em 28 de julho, Edu Chaves tirou seu brevê de piloto pela Federação Aeronáutica Internacional, voando também em um Bleriot -este de 25 cavalos-, na França, onde estudava.

Em sua estadia na Europa, fez amizade com outros pioneiros: Santos Dumont e o francês Roland Garros -primeiro a fazer a travessia do mar Mediterrâneo, o piloto tem seu nome mais associado ao torneio de tênis.

Apesar de seus feitos, Edu Chaves "foi esquecido", diz Ana Cecília Canto, curadora de uma exposição sobre o aviador realizada em 2014 no Museu da TAM. "Sua história precisa ser resgatada."

LADO A LADO

O brasileiro e Roland Garros "andam" juntos até hoje. Os dois dão nome a avenidas, que se cruzam, no Parque Edu Chaves. Parte da área que hoje corresponde ao bairro pertencia de fato à família do aviador e foi vendida em 1924.

A ocupação e urbanização começou décadas depois, em 1953, quando a Caixa Econômica Estadual financiou a construção de 300 casas, que seriam destinadas a membros da antiga Força Pública.

O militar aposentado José Pinheiro dos Santos, 82, o "seu Pinheiro", chegou ao bairro em 1954. Além dele, só dois integrantes do grupo de desbravadores vivem na área. "A região toda era um pântano. Tinha até criação de gado em uma área", conta.

A umidade do terreno era consequência da proximidade com o rio Cabuçu de Cima, afluente do Tietê, que sempre transbordava. O problema persistiu até os anos 1990, quando o governador Luiz Antônio Fleury Filho tocou a canalização do córrego.

Hoje, o Parque Edu Chaves é formado predominantemente por casas. Tem uma população de sabiás que habita árvores plantadas por seu Pinheiro ao longo dos anos -milhares, na conta dele. "Puseram na minha cabeça que eu iria morar em um parque, que, para mim, precisa ter árvores. No entanto, quando cheguei, só tinha capim. Pensei 'vou começar a plantar'." Seu Pinheiro gosta mais das que dão flores.

PRAÇA EM PARIS INSPIROU TRAÇADO DO BAIRRO

O desenho circular das ruas do Parque Edu Chaves foi inspirado no traçado da praça Charles de Gaulle, em Paris, famosa por abrigar o Arco do Triunfo.

A Companhia Planurba foi responsável por planejar os contornos do bairro. Já o loteamento ficou a cargo da Sociedade Comercial e Construtora, que havia comprado parte do terreno.

A transação ocorreu sob a condição de que as empresas limpassem a área para destiná-la à habitação.

Edu Chaves decidiu vender o terreno após diversas tentativas de manter uma pista no local. As características do solo, pantanoso, frustraram os planos.

"Dava muita rã na região, e a meninada pegava para vender", diz o seu Pinheiro.

Hoje, restam apenas duas das casas construídas na época. Elas sofreram várias modificações ao longo dos anos, mas uma delas ainda conserva uma característica daqueles tempos: a ausência de garagem. Os carros não eram abundantes.

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