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itaim e vila olímpia

Parquinho inaugurado em 1969 reúne gerações no Sumaré

Adalberto está tirando uma soneca. É um descanso merecido. Com 90 anos, ele cuida todos os dias da Adalbertolândia, um parquinho para crianças de todas as idades inaugurado em junho de 1969.

Com o slogan "a única lândia que é de graça", o parque fica em um terreno inclinado, no Sumaré, na esquina da rua Paulino Longo com a Plínio de Morais, à sombra de uma enorme paineira. Cada brinquedo foi feito com esmero pelas mãos do ex-publicitário Adalberto Bueno.

Em cerca de 300 metros quadrados, Adalberto plantou 32 árvores e mais de 200 plantas. Nessa minifloresta, as crianças podem explorar dez pequenas trilhas. São os "caminhos da floresta", indicados por pequenas placas de madeira. O contato com a natureza e a convivência com outras crianças do bairro é o maior atrativo do parque, que também conta com balanços, gangorra e um carrossel com bichos de madeira.

Do outro lado da rua, fica a casa do Adalberto. Ele aparece na sacada depois do cochilo para ver o movimento das crianças e resolve dar um pulo no parque. É impressionante a vitalidade do homem, que logo é reconhecido por alguns visitantes e recorda as origens do lugar.

"Há 47 anos, em apenas um quarteirão aqui em volta tinham 32 crianças entre 2 e 12 anos. Então resolvi construir um parquinho. Queria que ficasse no anonimato, mas as crianças influenciadas pela Disneylândia disseram que tinha que ser Adalbertolândia. Resisti por algum tempo, mas não adiantou, eles pintaram uma plaquinha e penduraram no parque", diz.

No domingo dia 2 de abril, o final de tarde foi agitado e cheio de recordações. É que várias mães costumam levar suas filhas para conhecer o lugar onde brincavam quando crianças.

Para quem acredita em coincidências, nesse domingo a reportagem encontrou a dentista Giselle de Azevedo Paridaens, 40, que, em 1981, apareceu em uma foto na capa da Folha brincando numa árvore da Adalbertolândia, com cinco anos de idade. Exatamente 35 anos depois, lá estava Giselle vendo sua filha Clara, de cinco anos, brincar debaixo da mesma árvore.

"Passei minha infância inteira aqui", diz a dentista, que foi ao parque naquele dia a pedido da filha. O médico Sérgio Barreto Mendes, 54, também frequenta o parque desde criança e levou a filha Laura, 7, e o filho Sérgio, 6, para passear. "Brincava aqui com o filho do seu Adalberto", lembra Mendes.

Luis Novaes/Reprodução - Luís Dávila/Vila Imagem
À esq., Giselle de Azevedo Paridaens, em 1981, então aos cinco anos, e agora com a filha, Clara, no parquinho
Giselle de Azevedo Paridaens, em 1981, então aos cinco anos, e agora com a filha, Clara, no parquinho

Logo na entrada do parque, lê-se em uma placa: "este parquinho é uma propriedade particular, mas todos são convidados a se beneficiarem do mesmo. Apenas espero que todos zelem pela conservação dos brinquedos, das plantas e da limpeza".

Em outra placa, Adalberto escreveu também os dois princípios que, segundo ele, orientaram a construção do parque: "sempre podemos –e devemos– oferecer alguma coisa para os outros e sem pedir nada em troca (a felicidade que despertamos nos outros vai se refletir em nós mesmos)" e "todos podemos –e devemos– viver em perfeita harmonia independentemente de cor, religião, nacionalidade ou poder aquisitivo (não é muito melhor assim?)". Sim, bem que podia existir mais Adalbertolândias por aí.

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