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Mais de 60% dos paulistanos não cogitam mudar de casa

A gerente de atendimento Adriana Fernandes, 51, enfrenta todos os dias uma hora e 15 minutos de trânsito nos cerca de 17 quilômetros entre sua casa, no Jardim Marajoara, na zona sul, até o Centro, onde trabalha. Mas nunca cogitou se mudar para mais perto do escritório.

"Pego muito trânsito, mas não sairia daqui. Meu marido e meu filho têm a vida deles aqui, minha mãe também mora perto. Além disso, o bairro tem muita área verde. Não gostaria de mudar para perto do Centro e perder isso", diz Fernandes, que mora há 20 anos no bairro.

Rafael Roncato/Folhapress
Tamagotchi
O designer Ricardo Caminada em seu apartamento, nos Jardins

Assim como a gerente, um número expressivo de paulistanos também não se deixa seduzir pelo bairro alheio. Segundo pesquisa realizada pelo Datafolha, 63% dos moradores da cidade não pretendem se mudar de casa nos próximos dois anos.

Mesmo diante da hipótese de uma renda maior apresentada pela pesquisa, metade dos entrevistados disse que não deixaria seus bairros.

A promotora de eventos Eli Fernandes, 57, é uma deles. Ela mora no bairro da Vila Mariana, na zona sul de São Paulo, desde os 13 anos de idade, quando chegou em São Paulo vinda da Bahia. Lá, criou três filhos e conheceu seu marido, o engenheiro elétrico Paulo César, 63.

Ela era a vendedora e ele o cliente de uma loja de roupas da região. "Sou apaixonada por este bairro, aqui só vivi alegrias", diz Fernandes. "É um bairro que tem de tudo, não saberia viver em outro local e jamais me mudaria."

"Normalmente, os moradores têm pouca predisposição a sair dos próprios bairros", afirma Alexandre Frankel, presidente da incorporadora Vitacon.

Cerca de 60% dos clientes da construtora moram em um entorno de um quilômetro do novo apartamento, segundo uma pesquisa feita há seis meses pela Vitacon. Os 40% restantes são pessoas que migram para um imóvel perto do trabalho ou investidores sem muito apego à localização do prédio.

VIZINHOS AMIGOS

A proximidade de amigos, família e laços de comunidade em geral também pesam muito na escolha do local.

Segundo a pesquisa do Datafolha, a "boa vizinhança" aparece como a principal vantagem do próprio bairro para 3% dos paulistanos, acima de quesitos como lazer, facilidade de acesso e proximidade de boas escolas.

O gerente de operações André Koronfli, 40 e a arquiteta Beatriz Ottaiano, 34, são moradores de Perdizes desde que nasceram. Amigos da faculdade, há três anos compraram dois apartamentos no mesmo prédio.

"Essa foi a minha mudança mais drástica, fica a cerca de um quilômetro da casa onde morava", conta Ottaiano.

"Só havia duas unidades sobrando, uma em cima da outra. Como eu descobri o empreendimento, escolhi o de cima para poder fazer barulho", brinca arquiteta.

"Quando ela me chamou para ver o empreendimento estava meio descrente, mas no final deu certo", conta Koronfli. "Tenho um apego com o bairro, com minha história, com os amigos que fiz. Especialmente agora, que meus pais estão mais velhos, é legal ficar por perto."

Editoria de Arte/Folhapress
Arte - bairros - Morar - Daqui não saio

Às vezes, só mesmo morando no local há muito tempo para enxergar o que ninguém mais vê. O designer Ricardo Caminada, 54, por exemplo, mora há 25 anos nos Jardins. Vizinho da avenida Paulista, uma das mais movimentadas da cidade, ele afirma gostar da convivência "interiorana" do bairro.

"É claro que tem muito comércio e uma população transitória, que está só de passagem, mas quem vive no bairro conhece o pessoal. Você tem conta na padaria, cumprimenta conhecidos na rua", diz Caminada, natural de Olímpia, a 435 km da capital.

"Uma vez, meus vizinhos me mandaram bolo porque souberam que eu estava gripado. É uma das coisas que me encantam nos Jardins."

A pesquisa Datafolha ouviu 493 paulistanos entre os dias 10 e 12 de agosto. A margem de erro é de cinco pontos percentuais.

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