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centro e zona norte

Família de chefs torna zona norte polo de gastronomia nordestina

Vindos de Mulungu, vilarejo do sertão pernambucano, três irmãos abriram, há 45 anos, a primeira casa do norte de São Paulo, na Vila Aurora. Logo, o negócio se dividiu: cada irmão ficou com uma unidade. Anos depois, esses três empórios deram origem a alguns dos restaurantes de comida nordestina mais famosos da cidade.

Localizados na zona norte, o Mocotó, o Mocofava e o Nação Nordestina, tocados pela segunda geração da família Almeida, consolidaram a região como referência na gastronomia sertaneja.

Na Vila Medeiros, os clientes chegam a esperar horas por um lugar à mesa do premiado Mocotó, do chef Rodrigo Oliveira, 35, que toca o negócio que o pai, Seu Zé Almeida, abriu há 44 anos.

Pratos como o caldo de mocotó e os famosos dadinhos de tapioca colocaram a "quebrada", como Oliveira refere-se ao bairro onde cresceu, no mapa da gastronomia internacional. E Seu Zé Almeida continua por lá, atendendo clientes, criando receitas e orientando cozinheiros.

Já no Mandaqui, o primo de Oliveira, Anderson de Almeida, 43, comanda o bar Mocofava, que nasceu da Casa do Norte do Bigode, tocada desde 1976 por seu pai, Gercino.

"Primeiro, era um empório, que vendia toda secos e molhados. Ao lado, ele tinha um balcão onde vendia bebidas e tira gostos, e começou a servir caldo de mocotó no copo. Tinha também a favada, e um dia ele resolveu misturar os dois. Assim, nasceu o Mocofava", conta Anderson.

Seu Gercino voltou para Pernambuco, mas quem é do bairro até hoje pergunta pelo "Bigode". "No começo, nosso público era mais bairrista. Tem gente que frequenta há mais de 30 anos. Mas hoje, vem gente de todos os bairros", diz Anderson.

O sucesso é tanto que ele comprou outro imóvel na região para abrir mais uma unidade do Mocofava.

De vez em quando, quem aparece é outro primo, Luciano de Almeida, 42, dono do Nação Nordestina, na Vila Maria. "Às vezes vou perturbar o Anderson, pedir alguma mercadoria que não encontrei. Somos muito unidos", diz.

Seu restaurante nasceu em 2007 e começou com o comércio do terceiro irmão Almeida, Gilvan, pai de Luciano e padrinho de Rodrigo. No começo, tinha dez mesas para clientes –hoje, tem 40.

"O comércio do meu pai atendia a demanda dos conterrâneos que não achavam os mantimentos aqui. Mas, com o tempo, essa parte do empório ficou mais fraca e ele começou a trabalhar com comida. Eu já tinha trabalhado oito anos no Mocotó e sugeri para o meu pai vender o negócio e fazer algo maior", diz.

Seu primo mais novo, Kelson de Almeida, 39, seguiu seus passos, e abriu na Vila Guilherme o Maria Farofa, seis anos atrás. "Se eu fosse o primeiro ou o segundo, talvez não tivesse dado certo. A parceria e a ajuda que meus primos dão é muito importante. São ajudas essenciais, desde contato com fornecedor até técnicas culinárias", diz.

Seu pai, Geraldo, chegou a São Paulo depois dos três irmãos mais velhos, e também teve um bar de comida nordestina, na rua do restaurante, onde Kelson cresceu.

O bar, no entanto, fechou. "Passei toda a minha infância lá, criei raízes. Quando decidi abrir o restaurante, não tinha como fugir. Comecei a procurar um local no bairro em que morei, trabalhei e onde estava todo o mundo que eu conhecia", conta.

A casa é a mais nova das quatro e, segundo Kelson, a mais modesta. Os moradores do bairro são frequentadores assíduos. "O pessoal é grato por termos montado uma casinha do norte ali na região."

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