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centro e zona norte

Herdeiros do Bexiga se unem para resgatar a efervescência do bairro

Uma nova geração de moradores e comerciantes se uniu para reviver a efervescência cultural do Bexiga, no centro de São Paulo.

O Bexiga foi povoado por imigrantes italianos no fim do século 19. Eles foram responsáveis pela vida noturna agitada do bairro –atribuída principalmente à inauguração de diversos teatros, como o Teatro Brasileiro de Comédia, do italiano Franco Zampari, em 1948. Mas nos últimos anos, o bairro passou por um período de esquecimento.

"A região estava muito abandonada, seus casarões históricos ficaram vazios e as praças, inseguras", diz uma das principais representantes dessa nova geração, a cineasta Taís Taverna, 36.

Bruno Santos/Folhapress
SAO PAULO, SP, BRASIL, 28.01.18 1h O que vai bombar no Carnaval 2018 nas ruas. Denny Azevedo, 34, e Ricardo Don, 31, artistas, no Academicos do Baixo Augusta. (Foto: Marcus Leoni / Folhapress, COTIDIANO)
Festa Nossa Senhora Achiropita, no Bexiga

Taís é neta de Walter Taverna, 85, fundador da Sociedade de Defesa das Tradições e Progresso da Bela Vista, em 1978. Foi ele quem idealizou a Festa de Nossa Senhora da Achiropita, que reúne todos os anos cerca de 30 barracas de comida italiana e 250 mil visitantes.

A cineasta herdou o posto do avô e virou a nova voz do Bexiga, com apoio de outros descendentes de famílias de comerciantes que construíram a história do bairro.

Uma das ações do grupo foi a revitalização do coreto, localizado na Praça Dom Orione, no coração do Bexiga.

"A obra custou R$ 16 mil", conta Taís. Inaugurada em 1984 pelo seu avô, a estrutura ficou anos sem manutenção, até que caiu com uma grande chuva no ano passado.

O grupo resgatou também outro símbolo da região, o quilométrico bolo servido em 25 de janeiro, aniversário da cidade. O evento havia perdido o patrocínio em 2008 e voltou para agenda do bairro há três anos. "Foi um esforço dos próprios comerciantes e moradores que contribuem com a comemoração", diz a cineasta.

"Queremos que o Bexiga seja uma referência na noite paulistana como hoje é a Vila Madalena", diz o advogado Eduardo Martinelli, 40, que nasceu e cresceu ali.

Há pouco mais de três anos, ele abriu o Espaço 13, um mix de bar, estúdio de tatuagem e barbearia, em frente à Praça Dom Orione. Com a ajuda do sócio, João Gati, e do amigo Luiz Ermani, organizou uma agenda gratuita de shows e eventos nos fins de semana.

Rubens Cavallari/Folhapress
SAO PAULO, SP, BRASIL, 28.01.18 1h O que vai bombar no Carnaval 2018 nas ruas. Denny Azevedo, 34, e Ricardo Don, 31, artistas, no Academicos do Baixo Augusta. (Foto: Marcus Leoni / Folhapress, COTIDIANO)
Feira de antiguidades na praça Dom Orione, no Bexiga

Um deles é o Escadaria do Jazz. Uma vez por mês, bandas de jazz patrocinadas pela Apaa (Associação dos Amigos da Arte) tocam na escadaria que liga as ruas Treze de Maio e Dos Ingleses.

O show, aberto ao público, ocorre das 14h às 20h. A programação está na página do grupo. (facebook.com/escadariadojazz).

"E tudo acontece porque a comunidade ajuda", diz Ernani, que mora no bairro desde 2010. O Catzo Boteco, localizado ao lado da escadaria, empresta a eletricidade. "Já o aluguel do som é bancado com a taxa paga pelos food trucks que estacionam ali no dia", afirma Ermani.

Martinelli é também o zelador oficial da Praça Dom Orione, que foi repaginada no ano passado pela subprefeitura da Sé na operação Bairro Lindo –o gramado foi refeito, a iluminação foi melhorada e foram instaladas câmeras de segurança ligadas à central da Guarda Municipal. 

O advogado banca a manutenção do jardim local e ajuda a organizar eventos, como feiras de moda e encontros de donos de carros antigos e motos.

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