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Como e onde comprar mais metros quadrados por menos

Os imóveis em alta na cidade de São Paulo têm até 45 m² e um ou dois quartos. São os que mais crescem em vendas e, de acordo com o Secovi-SP (sindicato do mercado imobiliário de São Paulo), 64% das 1.542 unidades negociadas em julho tinham essa configuração.

Do outro lado, há apartamentos maiores à espera de compradores, e aí podem estar os bons negócios para quem procura uma residência espaçosa pagando menos por metro quadrado.

Desde que adotaram o beagle Bartô, no fim de 2016, o casal de publicitários Fernando Ramos, 35, e Caroline Conrado, 35, andava à caça de mais espaço. O antigo imóvel, de 75 metros quadrados e um dormitório, estava apertado.

Alberto Rocha/Folhapress
O casal Fernando Ramos e Caroline Conrado em seu apartamento, em São Paulo

A princípio, eles calcularam que um apartamento de 120 metros quadrados no mesmo bairro onde moravam, a Vila Gumercindo (zona sul de São Paulo), custaria R$ 1,2 milhão.

Em janeiro de 2017, no entanto, toparam com um prédio novo, onde 10 das 12 coberturas dúplex, com 180 metros quadrados cada uma, estavam vagas e sendo vendidas por R$ 850 mil.

"Como entregavam o terraço do segundo andar da unidade sem qualquer acabamento, o custo da reforma era alto e assustava os compradores", conta Ramos.

De fato, a obra não saiu barata. Os dois contrataram o arquiteto Pietro Terlizzi, fizeram um orçamento prévio e investiram R$ 350 mil para instalar deque, jacuzzi, home theater e cozinha gourmet. Feitas as contas, garantem que valeu a pena.

"Atingimos o preço final que imaginávamos, mas temos um apartamento bem maior, com três quartos e duas vagas. É nossa residência definitiva", afirma o morador.

Histórias como essa têm sido frequentes na Grande São Paulo, segundo o presidente do Secovi-SP, Flavio Amary.

"Para quem tem renda e estabilidade no trabalho, o cenário hoje é promissor. As taxas de financiamento estão baixas e encontram-se muitas vantagens nas negociações", diz.

Contudo, o comprador precisa checar o histórico antes de fechar negócio, orienta o Secovi. O preço pode estar abaixo do mercado em função de antigas dívidas ou processos judiciais. Situações mal resolvidas são garantia de problemas no futuro.

No caso de apartamentos novos e grandes com preço abaixo da tabela, o interessado deve calcular previamente as despesas com acabamento. Quanto maior o tamanho da unidade, maior o gasto com material e mão de obra.

O arquiteto Bruno Moraes, 31, fez as contas e concluiu que valeria investir em um apartamento recém-construído. Há pouco mais de um ano, ele e a mulher, a advogada Danielle Moraes, 31, trocaram o aluguel por um imóvel de 53 metros quadrados, no bairro do Ipiranga (zona sul de São Paulo).

Além de desembolsar valor abaixo do mercado –eles pagaram R$ 8 mil pelo metro quadrado, contra os R$ 10 mil da tabela–, fizeram a reforma gastando 20% a menos do que planejavam. Como lida diariamente com o assunto, o arquiteto soube onde pechinchar.

"Os preços dos revestimentos mais caros, como madeiras e porcelanatos, caíram e as lojas estão cheias de promoções. Também há muita mão de obra disponível, o que facilita a negociação", afirma.

Prédios muito antigos também costumam oferecer mais por menos. Entretanto, os gastos com reforma podem ser altos ou imprevisíveis. O designer de interiores Paulo Brites, 52, se deparou com essa situação.

Em 2017, Brites saiu a campo com R$ 250 mil no bolso para comprar um apartamento. Imaginou que o valor só daria para uma quitinete.

"Procurei na Mooca, onde os preços eram altos, e no Tatuapé, que considerei longe demais, já que boa parte dos meus clientes está no Bom Retiro (centro de São Paulo)."

O designer desistiu da zona leste e voltou às pesquisas até que encontrou um imóvel que cabia no orçamento.

Era bem maior do que imaginava: um quarto e sala na praça Roosevelt, centro de São Paulo, com uma vaga na garagem, à venda por R$ 210 mil.

Com mais de 50 anos de idade, o apartamento pedia reformas estruturais importantes. Brites gastou mais R$ 70 mil para trocar os sistemas elétrico e hidráulico, instalar ar-condicionado e aquecedor, substituir os revestimentos de todos os cômodos e finalizar a decoração, incluindo marcenaria e eletrodomésticos.

Ele só não previa ter problemas em função da idade avançada do prédio. "O condomínio está muito alto por duas razões. Toda a estrutura é antiga e demanda reformas pesadas, como a do elevador, que está em curso. E a gestão é antiquada, com folha de pagamento cara e funcionários antigos cheios de vícios", afirma Brites.

Ainda assim, ele garante que não se arrependeu. "No fim das contas, foi um excelente negócio."

Divulgação
O designer de interiores Paulo Brites em seu imóvel, no centro de São Paulo
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