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The New York Times

Em Paris, livraria troca estoque por máquina que imprime obras na hora

Gauthier Charrier, estudante de design gráfico, entrou em uma livraria de Paris e ficou se perguntando onde estavam os livros.

"Vi aquele enorme espaço aberto, com apenas um par de banquinhos, e fiquei imaginando que tinham esquecido alguma coisa", conta.

A escassez de estoque da Librairie des Puf, operada pela editora Presses Universitaires de France, não é um problema com distribuidores e sim o seu modelo de negócio.

Dmitry Kostyukov/"The New York Times"
Alexandre Gaudefroy, manager of Presses Universitaires de France -- Le Puf for short -- bookstore looks at books printed by the store's Espresso book machine in Paris, May 26, 2016. The store, which shut 10 years ago because of falling profits and soaring rents, has a new location and business model: books printed before customersà very eyes in five minutes. (Dmitry Kostyukov/The New York Times) TIMES ORG XMIT: XNYT81 ***DIREITOS RESERVADOS. NÃO PUBLICAR SEM AUTORIZAÇÃO DO DETENTOR DOS DIREITOS AUTORAIS E DE IMAGEM***
Alexandre Gaudefroy, gerente da Presses Universitaires de France, que imprime os livros na hora

A loja vende livros impressos na hora, de acordo com o pedido do cliente e diante de seus olhos. Eles são feitos na Espresso Book Machine (algo como máquina expressa de livros em inglês).

A On Demand Books, empresa americana que fabrica a máquina, escolheu seu nome inspirada por uma atividade que dura o mesmo tempo que fabricar um livro: tomar um cafezinho.

A máquina fica nos fundos da loja e zumbe discretamente ao transformar arquivos PDF em livros de capa mole.

Os clientes usam tablets para selecionar os títulos que desejam e podem ainda acrescentar dedicatórias.

Alexandre Gaudefroy, diretor da livraria, confessa que, no começo, os clientes ficam desconfortáveis com a ausência das obras físicas para olhar e folhear. Mas, no fim, "todos os fregueses se surpreendem."

Dmitry Kostyukov/"The New York Times"
The Espresso Book Machine as it finishes creating a freshly printed book, at the Presses Universitaires de France -- Le Puf for short -- bookstore in Paris, May 26, 2016. The store, which shut 10 years ago because of falling profits and soaring rents, has a new location and business model: books printed before customersà very eyes in five minutes. (Dmitry Kostyukov/The New York Times) TIMES ORG XMIT: XNYT80 ***DIREITOS RESERVADOS. NÃO PUBLICAR SEM AUTORIZAÇÃO DO DETENTOR DOS DIREITOS AUTORAIS E DE IMAGEM***
A Espresso Book Machine, máquina que imprime os livros em poucos minutos

Do ponto de vista dos negócios, a economia é evidente. "Não me preciso preocupar com estoque. Estamos em uma loja de menos de 80 m² e posso oferecer todos os títulos que quiser", diz Gaudefroy.

E são muitos títulos. O catálogo da Les Pufs inclui 5.000 obras, além de outras 3 milhões compiladas pela On Demand Books.

Entre elas, algumas antigas que não estão em livrarias convencionais. "Graças ao modelo de impressão a pedido, podemos reviver velhos títulos que não seriam reimpressos pela editora porque venderiam apenas cinco ou dez cópias por ano", explica Gaudefroy.

TRANSFORMAÇÃO

A impressão na hora é uma reinvenção radical de uma loja que foi inaugurada em 1921.

A Librairie des Puf original ocupava diversos pavimentos e tinha vitrines repletas de livros, atraindo uma multidão de leitores das universidades parisienses.

Por muito tempo, ela foi um símbolo cultural e acadêmico. Até que se viu forçada a fechar, há cerca de dez anos, devido à queda dos lucros e alta dos aluguéis.

Não foi a única. De 2000 a 2014, 28% das livrarias de Paris fecharam as portas, de acordo com levantamento da Agência de Planejamento Urbano da capital francesa.

O aumento dos aluguéis na região central densamente povoada da cidade foi o principal responsável pela crise. Outro grande fator foi a crescente concorrência dos sites de comércio eletrônico.

A Librairie des Puf reabriu em março passado, beneficiada por um programa municipal que oferece aluguel de espaços no bairro parisiense de Quartier Latin a preços abaixo do valor de mercado para empresas consideradas culturalmente significativas.

"Imaginávamos que venderíamos 10 a 15 livros por dia, mas estamos vendendo 30 ou 40", diz Gaudefroy. "Já estamos pensando em abrir lojas em outras grandes cidades universitárias da França, como Lille, Bordeaux e Lyon."

Traduzido por Paulo Migliacci

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