McLaren e Brasil têm uma relação de outros carnavais: foi pilotando carros da escuderia que Ayrton Senna conquistou o tricampeonato da Fórmula-1 entre 1988 e 1991. Mas foi apenas nesta semana que a empresa se instalou por aqui, ao inaugurar na terça-feira (8) sua primeira concessionária no Brasil.
Senna marca presença logo na entrada da loja na Vila Olímpia, zona sul de São Paulo: sua imagem enfeita a parede lateral esquerda junto à porta, recebendo o público.
Seu sobrenome, por sua vez, batiza o novo carro da montadora, o McLaren Senna, apresentado na inauguração da loja por seu sobrinho, o também automobilista Bruno.
É o veículo mais leve e rápido vendido pela McLaren. O motor 4.0 biturbo V8 com 800 cavalos de potência vai de 0 a 100 km/h em 2,8 segundos e de 0 a 200 km/h em 6,8 segundos, com velocidade máxima de 340 km/h.
"É o carro mais brutal que já pilotei", afirma Bruno. É, segundo ele, o mais próximo que um automóvel feito para a rua chega de um de corrida.
É um carro para motoristas, gente que tem prazer em dirigir: a altura do veículo é regulável, há uma janela na porta para aumentar a sensação de proximidade com o chão, os bancos, feitos de fibra de carbono, são forrados apenas em alguns pontos e maçanetas e vidros são controlados por um painel central no teto.
Ao brutal McLaren Senna se soma o mais agressivo Senna GTR, nas palavras de Bruno. Feito para pista, tem mais potência e torque —força que o motor faz sobre o eixo da manivela para impulsionar o veículo— que a versão para a rua.
É o carro mais veloz da montadora fora da Fórmula-1, mas não é feito para corridas, e sim para um track day (evento em que se dirige veículos numa pista privada ou autódromo profissional) de luxo.
Ainda não é possível, porém, ter um Senna para chamar de seu. Dos 500 exemplares fabricados, só dois estavam disponíveis para o Brasil e já foram vendidos, por cerca de R$ 8 milhões cada um.
Mais restrito ainda é o GTR: foram feitas apenas 75 unidades, todas vendidas, e nenhuma disponibilizada na terra natal de Ayrton Senna.
Quem quiser comprar um carro da McLaren tem como opção na loja os modelos 570S, 570S GT e 720S. Os veículos novos ficam no primeiro andar da loja, com capacidade para expor até quatro unidades. No mezanino, há um espaço para seminovos, carros recebidos quando a concessionária faz trocas.
Os preços começam em cerca de R$ 1,9 milhão e crescem à medida em que o comprador personaliza o veículo.
São preços altos, e mais altos por causa dos tributos no Brasil, diz Andreas Bareis, diretor administrativo da McLaren para Oriente Médio, África e América Latina. Como comparação, o Senna foi vendido na Inglaterra por £ 750 mil, cerca de R$ 3,62 milhões.
O preço é um pouco mais alto do que dos concorrentes no Brasil. A McLaren 720S (719 cv), que terá preço em torno de R$ 3 milhões, concorre, por exemplo, com a Ferrari 488 GTB (670 cv,) que custa R$ 2,68 milhões e com o Lamborghini Huracán (610 cv), de R$ 2,6 milhões.
De acordo com Henry Visconde, dono da Eurobike, importadora e revendedora oficial da McLaren no Brasil, a empresa almeja vender 20 carros ao ano.
A montadora, que tem na América Latina lojas também no Chile e no México, está presente em 30 mercados. Para o futuro, planeja até 2022 lançar 15 modelos, investir £ 1 bilhão (cerca de R$ 4,8 bilhões) em pesquisa em desenvolvimento e ter 50% de sua frota com propulsores híbridos.