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Nuzman articula para seguir à frente do Comitê Olímpico pelo 6º mandato

Em meio à reta final de preparação para os Jogos do Rio, Carlos Arthur Nuzman, 74, articula sua permanência à frente do COB (Comitê Olímpico do Brasil), cuja eleição está prevista para o último trimestre deste ano.

Além do COB, o dirigente preside o comitê organizador da Olimpíada do Rio.

Nuzman tentará ingressar em seu sexto mandato no COB, comandado por ele desde 1995, ou seja, 21 anos.

Sua principal ação para se manter no cargo é a aliança com Paulo Wanderley Teixeira, mandatário da CBJ (Confederação Brasileira de Judô), que entrará como seu vice.

Wanderley comanda o principal órgão do judô nacional desde 2001, há 15 anos, portanto. Com uma gestão marcada por aumento de verbas da confederação e bons resultados da modalidade, ele ganhou força política.

"Esta vem sendo uma conversa há muito tempo. Coisa de mais de ano, mas nunca tinha dado confirmação a ninguém", afirmou Wanderley à Folha. "Isso [a chapa] veio de roda, de conversa, mas não abordei nenhum outro presidente de confederação para fazer campanha."

Wanderley disse que, se eleito como vice, deixará seu cargo na CBJ. Ele teria direito a uma reeleição. "As exigências de ambas as organizações são muitas."

Procurado, Nuzman não quis comentar suas pretensões eleitorais.

Veja o vídeo

A chapa de ambos, a exemplo de outros pretendentes, tem de ser protocolada até o próximo dia 30 de abril.

Para validar uma candidatura, é preciso que dez membros com direito a voto na assembleia da entidade manifestem apoio por escrito.

A maior parte dos integrantes da assembleia é formada por 30 presidentes das confederações esportivas, com quem Nuzman tem falado para angariar apoio. Votam ainda três membros vitalícios da entidade, como João Havelange, ex-presidente da Fifa, e 11 membros eleitos.

25 ANOS?

Caso vença a eleição, Nuzman teria direito a governar o comitê até o final de 2020, após os Jogos de Tóquio, no Japão, totalizando 25 anos.

Devido às alterações feitas por meio de medida provisória de 2013, que limitou mandatos de dirigentes esportivos a só uma reeleição, Nuzman não poderá mais concorrer depois deste pleito.

A intenção do dirigente é promover uma transição para que Wanderley assuma o COB em um futuro próximo.

A Folha apurou que, uma vez que triunfe na eleição de 2016, o que é bastante provável, Nuzman estuda pouco depois se afastar do dia a dia do COB para se dedicar aos trabalhos conclusivos do comitê organizador dos Jogos do Rio. Wanderley nega estar ciente da manobra.

O comitê organizador precisa encerrar seus balanços e prestar contas ao COI (Comitê Olímpico Internacional) até o final de 2017.

Além disso, deve entregar à entidade internacional um relatório final do impacto dos Jogos até três anos após a conclusão da Rio-2016.

Os organizadores brasileiros também têm de participar de eventos de transmissão de conhecimento a Olimpíadas vindouras, sejam elas de Verão (Tóquio-2020), Inverno (PyeongChang-2018) ou Juventude (Buenos Aires-2018).

Adriano Vizoni - 5.mar.2010/Folhapress
SÃO PAULO, SP, 05.03.2010: COPA DO MUNDO DE JUDÔ - Presidente da Confederação Brasileira de Judô (CBJ), Paulo Wanderley Teixeira. O prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab anunciou nesta sexta-feira (5/3), na sede da Prefeitura, Edifício Matarazzo, no Viaduto do Chá, que a cidade de São Paulo será a sede da Copa do Mundo de Judô. O evento esportivo faz parte do Circuito Mundial, que conta com outras 26 competições. O prefeito recebeu uma placa comemorativa do Presidente da Federação Internacional de Judô, Marius Vizer, e foi presenteado com um quimono pelo Presidente da Confederação Brasileira de Judô (CBJ), Paulo Wanderley Teixeira. Presente no evento o secretário municipal de Esportes de São Paulo, Walter Feldman e o presidente do COB, Carlos Arthur Nuzman. (Foto: Adrinano Vizoni/Folha Imagem)
O presidente da Confederação Brasileira de Judô (CBJ), Paulo Wanderley Teixeira

OUTRA CANDIDATURA

Além da eleição para o sexto mandato à frente do COB, a reportagem apurou que Nuzman tem manifestado a aliados interesse de se candidatar à presidência da Odepa (Organização Desportiva Pan-Americana), cujo pleito ocorre no segundo semestre.

Publicamente, contudo, ele não assume a pretensão.

Atualmente, ele é segundo vice da entidade, cuja principal função é a organização dos Jogos Pan-Americanos.

Por 40 anos a entidade foi comandada pelo mexicano Mário Vásquez Raña, que morreu em fevereiro de 2015.

Atualmente, o uruguaio Julio Maglione comanda a Odepa, mas concentra-se na condução da Federação Internacional de Natação, que também preside.

OPOSITOR CRITICA

Presidente da CBTM (Confederação Brasileira de Tênis de Mesa), Alaor Azevedo é, por ora, o único dirigente com a intenção de criar uma chapa de oposição para a presidência do COB (Comitê Olímpico do Brasil).

Porém, ele ainda corre atrás do apoio de ao menos dez membros da entidade para ter o registro aceito. Azevedo diz que alcançar o quórum mínimo é "grande dificuldade", mas afirma estar próximo dos dez apoios necessários.

Segundo o dirigente, existe um grupo "descontente" com os rumos do COB, comandado por Carlos Arthur Nuzman.

Para Azevedo, sua oposição está ligada à falta de um "plano de trabalho" da chapa da situação.

"Não discutimos a capacidade do Nuzman, mas eu não sei qual é o plano de futuro dele. Existe muita incerteza sobre isso", afirma Azevedo.

Procurado pela reportagem, por meio do departamento de comunicação do COB, Nuzman não quis falar sobre a eleição.

Na última eleição da entidade, realizada em outubro de 2012, Nuzman foi candidato único, mas não acabou eleito de forma unânime.

Foram 30 votos a seu favor e apenas um contra, provavelmente dado por Eric Maleson, então presidente da Confederação Brasileira de Desportos no Gelo, que era seu opositor declarado.

NUZMAN E O COB

Dirigente deve chegar a 25 anos no comando da entidade

1995
Nuzman é nomeado presidente do comitê brasileiro, tendo como vice André Richer

1996
Nuzman vê o Brasil conquistar 15 pódios nos Jogos de Atlanta, recorde para a época

1999
Institui o Prêmio Brasil Olímpico, que homenageia vários medalhistas do Pan de Winnipeg (CAN), no qual o Brasil terminou em 4º lugar

2000
Brasil sai dos Jogos de Sydney com 12 medalhas, mas nenhum ouro

2001
Após forte articulação, Nuzman festeja a aprovação da Lei Piva, que repassa 2% da arrecadação bruta das loterias federais ao COB e ao CPB (Comitê Paralímpico Brasileiro)

2002
O Rio supera San Antonio (EUA) e ganha o direito de realizar o Pan-2007

2004
Projeto para que o Rio fosse sede dos Jogos de 2012, encabeçado por Nuzman e pelo COB, não é escolhido pelo COI

2007
Com Nuzman como presidente do comitê organizador, Rio recebe os Jogos Pan-Americanos pela primeira vez

2009
Rio se torna sede dos Jogos de 2016; Nuzman afirma que comandará tanto o COB quanto o comitê organizador do megaevento

2012
Nuzman é reeleito para seu quinto mandato no comitê olímpico

Colaborou EDGARD ALVES, colunista da Folha

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