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COI diz que Jogos Olímpicos estão preservados da crise política

O diretor-executivo do COI (Comitê Olímpico Internacional), Christophe Dubi, afirmou que a preparação para a Olimpíada do Rio "está preservada" da crise política por que passa o país.

Nesta quarta (13), ele e Nawal El Moutawakel, a presidente da comissão do COI que acompanha a preparação, buscaram se manter distantes da discussão política.

Contudo, ambos afirmaram à Folha que o que ocorre é "parte da democracia". Segundo Dubi, "estamos certos que a Olimpíada é um evento que está preservado".

Os dirigentes do COI também afirmaram ter confiança na possibilidade de não haver casos de corrupção em obras olímpicas. A revitalização da zona portuária foi citada na operação Lava Jato.

Os dois comandaram a décima e última visita da Comissão de Coordenação do COI para os Jogos Rio 2016, concluída nesta quarta.

Folha - A crise política afetou a organização da Olimpíada?

Nawal El Moutawakel - O trabalho está em andamento. Os Jogos serão entregues de forma fantástica. Vamos esperar o resultado de domingo [votação sobre o impeachment]. Mas o COI é uma organização não política.

Tivemos três ministros da Justiça em pouco mais de um mês, por exemplo. Não é preocupação para o COI não saber quem vai tomar determinadas decisões importantes?

Nawal - Tivemos avanço até o momento na organização dos Jogos. Os projetos estão em fase final, as arenas estão 98% finalizadas. Estamos na fase operacional.

Christophe Dubi - Do nosso ponto de vista, em termos de impacto [na organização dos Jogos], tudo o que era para ser entregue pelos três níveis de governo foi feito. As pessoas estão trabalhando em todos os ministérios. Notavelmente, apesar de todo o contexto, quando se começa o trabalho, todos estão focados em 5 de agosto [abertura]. Estão muito comprometidos.

É possível ficar imparcial neste contexto? A presidente Dilma diz que há um golpe em curso. É uma situação confortável para o COI?

Nawal - Serão Jogos únicos para o Rio, para o país e a América do Sul. O que está acontecendo é parte da democracia do país.

Dubi - É parte da vida nesse país e nessa democracia. O que estamos certos é que a Olimpíada é um evento que está preservado. Isso porque há grande orgulho em todos níveis em demonstrar o que esse país é capaz de fazer. A Copa foi muito bem entregue e os brasileiros vão entregar Jogos incríveis.

Obras olímpicas foram citadas em investigações da operação Lava Jato. O COI teme impacto na imagem dos Jogos?

Nawal - Nós estamos à vontade com nossos colegas da Rio-16. São totalmente transparentes e abertos.

Dubi - Fomos informados que estes casos estão em fase bem preliminar. Mas a primeira coisa que perguntamos foi: "O que pode acontecer?" O que nos disseram é que, em termos de transparência, vão mostrar tudo e demonstrar que não há nada. Não somos responsáveis pelos contratos. Mas as informações que temos é que há governança e integridade em todas as decisões. Confiamos neles.

A polícia francesa investiga a eleição que escolheu o Rio como sede dos Jogos. Há preocupação?

Dubi - Vou dizer o que disse para o Nuzman [presidente do comitê organizador] quando esse tema veio a público. Não há nada a ser descoberto.

O prefeito Eduardo Paes (PMDB) costuma dizer que a Olimpíada pode mostrar ao mundo um Brasil que sabe planejar e entrega obras no prazo. Essa imagem se confirmou?

Nawal - Com muito orgulho, eles entregaram o que prometeram. Nem sempre é fácil. Por isso o COI vem com frequência para ajudar uns ao outros.

Os atrasos no velódromo e na linha 4 do metrô não afetam essa imagem?

Nawal - Isso acontece.

Dubi - Honestamente, se olhar todo o trabalho que foi entregue, está acima do proposto no dossiê de candidatura. Inclusive a linha 4. Enfrentar desafios em alguma arena é algo que vivemos também no passado, incluindo Londres-2012 ou antes. Tivemos inúmeros projetos em que encontramos dificuldade, tanto por empresas em crise em razão do cenário global, como desafios técnicos, como na escavação de túneis nos Jogos de Socchi-2014.

Quando olhamos, a três meses dos Jogos, o que foi entregue, sem dúvida, é um legado dos Jogos: [mostrar que foi possível] entregar no prazo e no orçamento de uma forma integrada.

Nawal - Os Jogos permitiram a construção em sete anos de arenas que não foram construídas 70 anos. Imagine a pressão, a complexidade em entregar tudo isso. Nós estamos orgulhosos.

Qual o impacto do surgimento do vírus zika?

Nawal - Vocé está com medo? Está sem mangas compridas! Ficamos aqui por três dias, vimos um festival de gastronomia na rua, as pessoas nadando na praia de Copacabana... Em relação ao vírus da zika estamos em contato constante com o comitê organizador e a OMS (Organização Mundial de Saúde) para proteger os atletas e espectadores. A Olimpíada ocorre no inverno, quando é mais fresco e seco. O fenômeno não vai se agravar.

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