Ítalo Duarte, 24, se autodefine como um autêntico mineirinho. "Gosto de ficar na minha, comer pelas beiradas".
Nesta quarta-feira (20), ele escreveu seu nome na história do esporte brasileiro ao superar Cesar Cielo na disputa por uma vaga olímpica nos 50 m livre no Troféu Maria Lenk, última seletiva nacional para os Jogos do Rio.
Pouco conhecido, de feição tímida, o mineiro bateu Cielo na final da prova –21s82 contra 21s91– em um resultado que silenciou a piscina do novo centro aquático erguido para a Olimpíada. A vitória foi de Bruno Fratus, com 21s74.
Na piscina, com todos ainda em choque, ele recebeu os parabéns do ídolo, com quem treinou junto no Minas Tênis Clube entre 2014 e o início de 2015.
"Cesar me deu parabéns. Ele sabe o quanto eu batalho por isso e eu sei o quanto ele batalha por isso. Tenho muito a agradecer a ele. Quando ele foi para o Minas, ele me passou dicas excelentes, e foi quando eu comecei a melhorar", contou Duarte.
"Fico triste por um lado. É um ídolo, um campeão que ficou fora das Olimpíadas. Mas o esporte é isso. Tem que haver renovação também. E a natação é um esporte que renova muito cedo. É muito difícil você ver um atleta se manter em altíssimo nível do jeito que ele se manteve. Ele é um herói, um exemplo para todo mundo", prosseguiu.
Duarte afirmou que não quer ficar conhecido apenas como o algoz de Cielo, mas ir ao pódio no Rio. Nesta temporada, seu tempo é o sexto do mundo, bem atrás do líder do ranking mundial, o francês Florent Manaudou (21s42).
Ele relatou que sentiu a tensão pela expectativa criada em torno da prova. Pouco dormiu à tarde, em repetição do que foi sua semana.
"Nesta semana eu não tinha conseguido dormir cedo. Ficava rolando na cama, pensando na prova".
Estudante de administração, Duarte aposta em sua determinação, que tanto o ajudou nesta quarta, para buscar um pódio no Rio.
"O trabalho não acabou aqui. A comemoração vai ser rápida, porque quero conseguir mais", concluiu.