A atleta do salto com vara Ielena Isinbaieva vai entrar na Justiça contra a suspensão do atletismo russo na Rio-2016.
"Isso é uma violação dos direitos humanos. Não permanecerei em silêncio, tomarei medidas. Vou apelar para um tribunal de direitos humanos", afirmou Isinbaieva à agência TASS, sem especificar em qual tribunal ela entrará com uma ação.
Na quarta-feira (15), em um artigo para o jornal americano "The New York Times", Isinbaieva disse que apoia "a batalha contra fraudes para violar as regras antidoping", mas que não pode ser penalizada por isso, já que ela não está entre os atletas que testaram positivo em exames.
Lenda do salto com vara, Isinbaieva já participou de quatro Olimpíadas (Sydney-2000, Atenas-2004, Pequim-2008 e Londres-2012) e ostenta dois ouros e um bronze.
Em junho de 2014, Isinbaieva se tornou mãe. Dois anos depois, ela diz que está pronta para competir na Rio-2016, que seria a sua última Olimpíada.
Em nota, o Ministério do Esporte da Rússia também se manifestou em relação ao assunto.
"O sonho de muitos de nossos atletas foi destruído pela conduta inadequada de determinados atletas, técnicos e especialistas", afirmou.
"A parte russa fez todo o possível para restabelecer a confiança da comunidade esportiva internacional em relação aos nossos atletas. O exemplo mais convincente é que os russos são controlados pela Agência Antidoping britânica (UKADA)", completou.
ENTENDA O CASO
Um relatório divulgado em novembro de 2015, em Genebra, por uma comissão independente criada pela Wada (Agência Mundial Antidoping, na sigla em inglês) apontou que a Rússia desenvolveu cultura "profundamente enraizada de fraude" em seu esporte, sobretudo o atletismo.
Após 12 meses de investigação, a força-tarefa encontrou evidências de que governo (por meio de seu serviço secreto), federação esportiva, médicos, atletas e técnicos participaram do esquema.
O estopim para a investigação foi o documentário "Top Secret Doping: How Russia makes its Winners" ("Doping Secreto: Como a Rússia faz seus Vencedores"), levado ao ar pelo canal alemão ARD em dezembro de 2014. O filme denunciou as irregularidades.
Inicialmente, cinco nomes foram divulgados: Mariya Savinova, ouro nos 800 m nos Jogos de Londres-2012, Ekaterina Poistogova, bronze na mesma prova, Anastasiya Bazdyreva, Kristina Ugarova e Tatyana Myazina. Mais tarde, Irina Maracheva, vice-campeã europeia dos 800 m, e Anna Lukyanova, da marcha olímpica, foram suspensas por dois anos. Já as corredoras Yelena Nikulina e Maria Nikolayeva foram suspensas por quatro anos. No entanto, acredita-se que muitos outros atletas foram beneficiados pelo esquema.
Nesta sexta (17), na mais rigorosa punição da história do atletismo, o conselho da Iaaf (entidade máxima da modalidade) decidiu deixar o atletismo da Rússia fora dos Jogos Olímpicos do Rio, de 5 a 21 de agosto.