Dustin Brown, 31, adversário de Thomaz Bellucci na primeira rodada do torneio olímpico de tênis, é, para dizer o mínimo, um jogador inusitado no circuito mundial. Filho de pai jamaicano e mãe alemã, é capaz de surpreender um favorito Rafael Nadal em Wimbledon e na mesma temporada perder para gente ranqueada acima de 200 na ATP (Associação dos Tenistas Profissionais).
"Espetacular", mas apenas no estilo saque e voleio, segundo descrição irônica do ex-tenista Jimmy Connors, Brown sacou 114 vezes na vitória contra o espanhol, em 2015, e correu para rede em 99 delas.
Toma decisões abruptas durantes os jogos e não se importa de chamar a atenção. Em Gstaad, onde derrotou Bellucci no mês passado, chegou a disputar quase toda uma partida exigindo sacar sempre com a mesma bolinha.
Contra o brasileiro, salvou dois match points e, depois do jogo, disse que nem tinha percebido. "Ele gosta de fazer coisas diferentes na quadra", disse nesta quinta (4) o melhor tenista brasileiro da atualidade.
Nascido e criado na Alemanha, Dustin, ou "Dreedy", como é chamado pelos cabelos em estilo rastafári —que não corta há 20 anos—, chegou a disputar a Copa Davis pela Jamaica, mas logo optou pela cidadania alemã.
Ganhou dos pais uma VW Camper, uma kombi em versão trailer, onde morou e viajou para disputar os circuitos amadores pela Europa. Fazia o encordoamento de raquetes de adversários para se sustentar.
Querido na Alemanha, celebra as vitórias levantando a camisa e mostrando, na lateral do abdômen, o retrato do pai. Na primeira vez, jornalistas chegaram a descrever a figura como uma homenagem a Bob Marley. Atual 86º do mundo, frequentemente reconhece que os altos e baixos de sua carreira parecem extremos. "Só sei jogar desse jeito, não posso evitar."