O medalhista de prata nas argolas Arthur Zanetti, 26, disse que passou a vencer quando mudou o jeito de encarar as competições. A pressão por medalhas em geral lhe era contraproducente.
E foi isso que o fez levar o ouro em Londres-12. Ele afirma não ter ficado incomodado em ganhar a prata no Rio-16. Diz que defender um título é muito mais difícil do que ganhar um. O atleta perdeu para o grego Eleftherios Petrounias, 25, na final das argolas.
"A gente colocou na cabeça que o importante não é simplesmente pensar na medalha. E sim pensar em fazer o seu melhor, sair satisfeito com sua prova, que o resultado será a consequência. Toda vez que a gente entrava numa competição pensando 'não, a gente precisa ganhar o ouro', nunca dava certo", disse à Folha, em entrevista na manhã desta terça-feira (16).
Zanetti terá um breve período de folgas pós Olimpíadas e já voltará aos treinamentos. Na segunda quinzena de setembro, disputará uma competição em São Caetano, como forma de prestigiar o clube, de mesmo nome, onde treina. Em novembro, disputará o Campeonato Brasileiro.
As competições locais são uma forma de iniciar a preparação para as Olimpíadas de Tóquio, daqui quatro anos. Ele afirma que já aprendeu a lidar com a pressão por medalhas, mas tem certa preocupação em como estará o corpo nos próximos anos.
Zanetti terá 30 anos em 2020. O ginasta diz que seu corpo já sente mais o desgaste da rotina de treinamentos e competições em relação a como reagia quando mais jovem.
Ele afirmou que precisa ser "cauteloso" para não exigir demais e comprometer a preparação durante o próximo ciclo olímpico.
"Vou competir esse ano, mas tenho que ser cauteloso porque senão o copo não aguenta. Eu acredito que sim [estará em Tóquio-2020]. É um objetivo nosso. Serão momentos totalmente diferentes. Vou estar com uma idade mais avançada e a gente sabe que a no esporte isso faz bastante diferença. Eu sinto [o peso da idade]. Quando tinha 22 anos era tranquilo [aguentar a rotina de treinamentos e competições]. Hoje em dia é mais difícil", disse.
E no quesito exigência, ele é seu maior juiz. Zanetti afirma que é perfeccionista. Quando sente que não faz uma boa apresentação, pede para o técnico fotografar do celular sua sequência. Ali, analisa cada posição do quadril, ombros e pernas e tenta consertar numa segunda tentativa.
O atleta diz perceber quando não está acertando os movimentos da maneira correta. Diz que os momentos de maior estresse são na volta das férias, período de início de temporada, quando o corpo ainda não está totalmente em forma.
"No começo de ano, você está de férias, não está na melhor forma. Aí, tiro uma foto, vejo que estou todo tordo. Começo a ficar puto, a xingar, a botar peso no pé para ficar mais forte. Quero que tudo saia perfeito", disse.
Feliz com o desempenho, ele espera que seu triunfo sirva para dar mais visibilidade a outras modalidades da ginástica.
"Todo mundo conhecia o solo. Pelo fato de Daniele [Hypolito], Daiane [dos Santos], Jade [Barbosa] e o Diego [Hypolito] terem bons resultados. E do nada surge um atleta bom de argolas. É uma coisa que impressiona. Tomara que mais jovens procurem a ginástica após nosso desempenho nesta Olimpíada".