Amigos e familiares de João Havelange não escondem o desapontamento com o presidente do COB (Comitê Olímpico Brasileiro) e da Rio-2016, Carlos Arthur Nuzman.
Segundo a Folha apurou, eles queriam ver uma homenagem ao cartola no Maracanã na abertura dos Jogos Olímpicos do Rio, o que não aconteceu.
O dirigente foi apenas convidado por Nuzman para se sentar na tribuna do estádio carioca. Ele já havia adiantado que não queria participar da festa.
Amigos e familiares de Havelange acreditam que a homenagem em pleno Maracanã seria o reconhecimento público de Nuzman ao ex-presidente da Fifa.
Havelange foi um dos trunfos da vitoriosa candidatura brasileira na escolha do COI (Comitê Olímpico Internacional) em 2009. Em outubro daquele ano, na Dinamarca, o Rio venceu Madrid, Chicago e Tóquio para receber o evento.
Decano do COI, Havelange fez campanha com dirigentes de todo o planeta em favor da candidatura brasileira.
Ele enviava cartas, ligava e se reunia pessoalmente com os eleitores.
Nesta terça (16), Nuzman foi ao velório e elogiou o cartola.
"Havelange foi o mais importante nome do esporte no mundo. Levou o futebol a ser um esporte de enorme popularidade. Transformou o futebol em religião mundial", disse Nuzman.
O COI se recusou a homenagear Havelange. A entidade não vai colocar a bandeira a meio mastro.
Com a imagem manchada após autoridades começarem a revelar oficialmente a relação do dirigente com o escândalo da ISL (empresa de marketing da Fifa falida dez anos antes), acusada de repassar propinas a cartolas, Havelange preferiu o isolamento.
Em 2011, ele renunciou ao seu cargo de integrante do COI (Comitê Olímpico Internacional) temendo ser banido. Depois, o dirigente também deixou a presidência de honra da Fifa.
Acusado de receber milhões de propina, o dirigente tinha uma vida reservada e sem muitos luxos no Rio.
Havelange passava o dia inteiro no seu apartamento em Ipanema, zona sul do Rio, e não queria participar de eventos públicos.
Ele se recusou até a participar de uma missa em homenagem ao seu centenário numa igreja ao lado de sua casa.
Nas raras saídas do apartamento, o dirigente jantava com a mulher na sede do Country Club, um dos mais exclusivos clubes da cidade.
Com dificuldade para se locomover nos últimos anos, ele só deixava a casa na companhia de um cuidador, que o ajudava nas caminhadas.
Além do apartamento num apart-hotel em Ipanema, ele tinha uma casa modesta em Angra dos Reis, que já não frequentava há anos.