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Análise

Lochte vai de vítima a mentiroso, e imprensa americana não perdoa nadador

Mais até do que no Brasil, foi nos Estados Unidos que a cobertura da semana de Ryan Lochte ganhou ares de obsessão nacional.

Começou domingo pela manhã, dia 14, com o "USA Today" e a Fox Sports fazendo os primeiros registros de que o nadador havia sido roubado na madrugada. O jornal ouviu a mãe de Lochte, que confirmou. À tarde, o próprio Lochte foi à NBC, rede que transmite os Jogos para os EUA, e deu entrevista na praia.

Afirmou que os outros três nadadores americanos se jogaram no chão, quando ordenados, mas ele enfrentou os homens armados, dizendo: "Não vou". Mas aí um deles "colocou a arma na minha testa, e eu pus as mãos para cima", aceitando a ordem.

Um repórter da NBC comentou com o âncora, no final: "Matt, Ryan Lochte enfrentou esses caras, sinceramente, foi uma coisa corajosa que ele fez". Matt Lauer, o âncora: "Sim, sem dúvida nenhuma". A rede passou a destacar que havia confirmado e que eles foram "roubados no Rio".

Um dia depois, segunda, foi essa a manchete no tabloide "Daily News", de Nova York: "Robbed at the Olympics". A capa do "NY Post" trouxe uma imagem de Lochte com as mãos para cima, reproduzida da entrevista à NBC.

O "New York Times" não deu manchete, mas também foi afirmativo em seu enunciado: "Ryan Lochte e três colegas são roubados sob mira de arma". E anotou que as autoridades brasileiras pareciam querer responsabilizar os próprios nadadores.

Já na quarta, o mesmo Matt Lauer, na NBC, alertou que havia falado com Lochte e que ele havia mudado sua história. Não tinha mais "arma na testa", por exemplo.

Na noite daquele dia, quando houve a retirada dos outros nadadores do avião, a cobertura americana já estava mais cautelosa, como evidenciou a própria NBC. Mas ecoou a exceção de uma desastrada colunista do "USA Today", que elogiou Lochte por ter "escapado" e afirmou que não "importa" o que ele fez.

Os tabloides nova-iorquinos não demoraram para abandonar Lochte, com manchetes jocozas como "Watergate", no "Post" de quinta, apontando "algo estranho" na história contada por ele. Um dia depois, chamou-o de "mentiroso" na capa, dizendo que incorporava o pior estereótipo do americano "bêbado" no exterior.

O "NYT" demorou um pouco mais para trocar o sinal de sua cobertura. Na edição de sexta, ainda falava em "relato questionado", o que só foi mudar quando o próprio Lochte admitiu não ter sido "sincero" em sua história.

Mas a discussão já era outra, na mídia americana, com colunistas como Sally Jenkins, do "Washington Post", escrevendo do Rio que "Lochte está acabado como figura pública, o que é provavelmente a forma mais efetiva de Justiça para alguém que busca tanta atenção. Esquecimento é o que ele merece".

Inclusive, acrescentaram outros, dos patrocinadores.

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