Publicidade
Publicidade

No Rio, Argentina consegue melhor resultado em Olimpíada desde 1948

Contrariando as estatísticas, a Argentina deve fechar os Jogos Olímpicos com três ouros e uma prata. São apenas quatro medalhas, mas que garantiram o melhor resultado do país em 68 anos.

A última vez que os argentinos haviam visto tanto ouro foi em Londres-1948, quando conseguiram dois primeiros lugares no boxe e um na maratona, além de três pratas e um bronze.

De lá para cá, foi uma grande decadência, que incluiu nove edições dos Jogos sem ouro e que só começou a se reverter em 2004, em Atenas, com dois primeiros lugares.

Antes do início da Rio-2016, o principal jornalista de coberturas olímpicas da Argentina, Gonzalo Bonadeo, chegou a dizer à Folha que não seria "loucura" se o país voltasse sem medalhas. Na melhor das hipóteses, porém, levaria seis.

Impulsionados por uma das maiores torcidas (os argentinos estão entre os estrangeiros que mais compraram ingressos, atrás apenas de americanos e franceses), os atletas da Argentina chegaram perto do melhor panorama imaginado por Bonadeo.

Para especialistas, a criação do Ente Nacional de Alto Rendimento Esportivo, em 2009, no governo de Cristina Kirchner, é o principal desencadeador da melhora do desempenho do país.

O organismo misto (público e privado) recebe 1% do valor pago pelos consumidores às empresas de telefonia celular. O recurso serve para bancar viagens e salários de atletas. A maior remuneração é de 20 mil pesos (R$ 4.300).

Um dos que recebem esse salário é Santiago Lange, que, ao lado de Cecilia Carranza Caroli, levou a medalha de ouro na vela classe Nacra 1.

"Nesse esporte, sempre temos expectativa, porque historicamente costumamos conseguir alguma medalha, mas não o ouro", diz o jornalista argentino Guido Bercovic, especialista em esportes olímpicos.

A surpresa foi ainda maior porque, há menos de um ano, Lange, 54, retirou um pulmão após ser diagnosticado com câncer.

"Em novembro de 2015, ganhar a medalha era impensável. Não sabia como seria minha evolução física. Em junho, comecei a pensar que poderia chegar à final e, só na semana anterior ao início dos Jogos, vi que estava muito bem preparado", contou à Folha.

Lange afirma acreditar que as bolsas para os atletas foram essenciais para que o país conseguisse levar ao Rio a maior delegação de sua história, com 213 competidores.

Além de Lange e Caroli, também subiram no degrau mais alto do pódio a judoca Paula Pareto e o time de hóquei sobre grama masculino. Dessa equipe, já se esperava um bom resultado, pois no último mundial ela ficou em terceiro, mas o ouro parecia ser demais, segundo Bercovic.

Houve, porém, algumas derrotas de quem se esperava grandes conquistas –o rúgbi caiu nas quartas de final, as meninas do hóquei sobre grama foram eliminadas na mesma fase e o vôlei masculino foi derrotado pelo Brasil.

Publicidade
Publicidade
Publicidade
Publicidade