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Recordista de medalhas no Rio leva prata em decisão no photo finish na maratona

A última prova da Paraolímpiada foi decidida de forma dramática na tarde deste domingo (18). A vencedora teve que ser apontada com o auxílio da tecnologia.

A chinesa Lihong Zou e a russa naturalizada norte-americana Tatyana McFadden concluíram, de cadeira de rodas, a maratona com o tempo idêntico 1h38min44s na orla de Copacabana.

Mas, após a consulta do photo finish, os organizadores da prova deram a vitória para a chinesa.

A decisão foi baseada em milhares de imagens que são feitas por câmeras instaladas na linha de chegada. Nesta categoria, vale o momento em que a roda dianteira da cadeira cruza o final da prova.

Embora Tatyana tenha ficado com a prata, ela e a chinesa estabeleceram o novo recorde paraolímpico da distância.

"Foi incrível tudo que aconteceu aqui nos últimos dias", afirmou a norte-americana, a a maior vencedora do atletismo na Paraolimpíada do Rio.

Ela terminou o evento com seis medalhas (quatro de ouro e duas de prata). Tatyana venceu provas distintas (5.000m, 1.500m e 400m, 800m), além da prata nos 100m e na maratona.

A prova mais longa do atletismo (42,125km) foi disputada num circuito montado na orla de Copacabana. O sol castigou os para-atletas. A temperatura era de 30 ºC.

Em quatro edições da Paraolimpíada de verão, ela coleciona 16 medalhas. A russa obteve também um pódio nos Jogos de Inverno.

A para-atleta de 27 anos nasceu com a espinha bífida, quando a coluna vertebral não se fecha por completo, e foi deixada com paralisia nas pernas pelo familiares em um orfanato em São Petersburgo, na Rússia.

Lá, ela aprendeu a se locomover com os braços e só foi sentar numa cadeiras de rodas aos seis anos após ser adotada pelo norte-americana Debbie McFadden. A mãe adotiva de Tatyana ajudou a escrever nos anos 90 a legislação marco nos EUA que proíbe a discriminação com base na deficiência.

Neste domingo (18), em Copacabana, Debbie se confundiu e interrompeu a entrevista de Tatyana para anunciar que a filha dividiria o ouro com a chinesa.

A notícia deixou Tatyana "chocada". Três minutos depois, a vitória da chinesa foi confirmada pelos organizadores. A norte-americana não se abalou.

"O importante é que a minha campanha foi excelente. Vou treinar para voltar mais forte nos Jogos de Tóquio [em 2020]", afirmou Tatyana, que sofreu preconceito por sua paixão pelo esporte.

JUSTIÇA

Em 2004, após conseguir as suas duas primeiras medalhas na Paraolimpíada de Atenas, ela e sua família começaram a travar disputas judiciais para competir com atletas sem deficiência na escola. Os dirigentes alegavam que a russa tirava vantagem sobre as adversárias por usar cadeiras de rodas.

Só conseguiu competir pelo time da escola após a Justiça garantir o direito. O feito serviu de base para a decisão histórica do Departamento de Direitos Civis de Educação dos EUA. Há três anos, o órgão determinou que os distritos escolares são obrigados a proporcionar igualdade de acesso nas atividades extracurriculares para todos os alunos.

"A Tatyana é determinada e um símbolo para todos. Ela sempre diz: 'Você não tem que lamentar pelo seu corpo, mas fazer o melhor com o que você", disse Debbie ao lado de Bridget, sua parceira, na praia de Copacabana.

Tasso Marcelo/AFP
US Tatyana McFadden scores a record in the category Women's 5000m - T54 at Engenhao Stadium during the Paralympic Games in Rio de Janeiro, Brazil, on September 14, 2016. / AFP PHOTO / TASSO MARCELO ORG XMIT: TAS988
Americana Tatyana McFadden durante a prova de 5.000 m - T54
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