Segredos do Poder
FHC vê 'sensacionalismo' na divulgação de grampo



26/05/1999
Editoria: BRASIL
Página: 1-5


da Sucursal de Brasília

O presidente Fernando Henrique Cardoso, em nota oficial divulgada pelo Palácio do Planalto, classificou de "sensacionalista" reportagem da Folha publicada ontem mostrando que o próprio presidente tomou partido por um dos consórcios que participaram do leilão da Telebrás, em julho de 98.
Segundo a nota, o presidente "lamenta e manifesta sua indignação'' diante da publicação do teor de conversas gravadas. O texto diz ainda que a reportagem é "pontilhada de insinuações que não correspondem às próprias transcrições de informações obtidas de forma ilegal".
As 46 fitas obtidas pela Folha trazem diálogos entre FHC e André Lara Resende em que o presidente autoriza o então dirigente do BNDES a utilizar seu nome para pressionar a Previ (fundo de pensão dos funcionários do Banco do Brasil) a entrar num consórcio integrado pelo Banco Opportunity e pela italiana Stet para disputar o leilão da Tele Norte Leste.
No final da tarde, o ministro Pimenta da Veiga (Comunicações), articulador político do governo, qualificou a reportagem da Folha de "sensacionalista" e "café requentado" e reclamou do fato de o governo não ter sido "ouvido para dar suas versões".
A executiva nacional do PSDB também divulgou nota defendendo FHC e as autoridades do governo responsáveis pelo processo de privatização da Telebrás (leia as duas notas nesta página).
A nota do Planalto, que não cita diretamente a Folha, mas "um veículo de comunicação'', diz que o noticiário do jornal "obscurece fatos fundamentais'' da privatização do setor de telecomunicações.
O governo alega que a privatização da Tele Norte Leste foi "um leilão e não uma licitação''. Com essa visão, o governo estaria empenhado "em obter o melhor preço na venda do patrimônio público''.
A nota afirma ainda que o governo empenhou-se na busca de mais concorrentes no leilão. E que os diálogos, se "lidos com boa-fé'', apenas informam o andamento dos leilões, dando conta das "ações necessárias" para sua realização.
O documento diz também que o consórcio vencedor (o Telemar) não foi o que aparece na reportagem como tendo sido beneficiado pelo governo (o do Opportunity).
No final da nota, o governo afirma que o processo de privatização "foi um sucesso'' e que os resultados dele "são visíveis''.
Pimenta da Veiga negou que FHC tenha autorizado o uso do seu nome nas negociações que determinaram a participação da Previ no consórcio do Opportunity.
"Ele (FHC) não autorizou (o uso do seu nome) em nenhum instante. Essa é a interpretação que tendenciosamente se quer dar.''
O ministro disse ainda que FHC "não agiu na privatização'', sendo "informado de alguns episódios''. "Não tem nenhuma ação do presidente, não há nenhuma proposta do presidente'', ressaltou.
Pimenta não negou o teor dos diálogos entre FHC e André Lara Resende, mas se recusou a analisar os textos. Pimenta afirmou ainda que FHC nunca recebeu informações detalhadas sobre as negociações em torno do leilão da Telebrás, e que seria impossível para um presidente "ser informado sobre tudo o que está acontecendo no governo''.
Sobre a ação do governo no leilão da Telebrás, afirmou que "cabe ao leiloeiro estimular o leilão".
Pimenta reclamou que o governo não foi consultado antes da publicação das reportagens, ontem.


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