|
Erika
Vieira
“Agora enxergo menos, mas sou mais feliz”, diz
Edite Marques da Silva, 66 anos. Deficiente visual e freqüentadora
da Casa de Cultura de M’Boi Mirim há 14 anos,
teve sua vida completamente modificada quando entrou em contato
pela primeira vez com a poesia.
Em 1981 descobriu que estava com glaucoma.
Gradativamente foi perdendo a visão, parou de trabalhar
e estudar. “Ficava em casa e era muito ruim estar sozinha
sem uma ocupação que satisfizesse.” Outras
doenças foram surgindo, até que o médico
sugeriu a terapia. Dois anos fazendo tratamento terapêutico
no Hospital das Clinicas e saiu o diagnóstico: “
a senhora precisa é se integrar a algum grupo de cultura”,
indicou a psicóloga.
Foi ai que encontrou a Casa de Cultura
de M’Boi Mirim. “Cheguei lá sentindo como
se todo mundo tivesse que me ajudar.” Não foi
bem isso que aconteceu, logo foi demonstrando facilidade em
decorar poesias, então ela é que começou
a ajudar os freqüentadores do local. “Aqui [Casa
de Cultura de M’Boi Mirim] somos carentes de dinheiro,
mas temos um capital humano valioso”.
A filha de pai carpinteiro e
mãe cozinheira, nasceu em Pirapora (MG) e estudou apenas
até o ginásio. Mas apesar do baixo grau de escolaridade,
é em meio as letras que encontra prazer em viver. “Hoje
esqueço que tenho doença”.
Dona Edite também declama poemas no Sarau da Cooperifa.
É reconhecida em sua comunidade, bairro da Capela do
Socorro, zona sul da cidade de São Paulo, como um símbolo
de determinação e exemplo de como educação
e cultura podem mudar a vida de uma pessoa. Por isso, nesta
sexta-feira, 12, ela vai participar Plataforma dos Centros
Urbanos - organizada pela UNICEF, será apresentada
no auditório da Secretaria Municipal de Justiça
de São Paulo, no Páteo do Colégio, 184,
a partir das 8h30.
Áudio
dos comentários
| |
|