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15/09/2008

Crianças se prostituem dentro da Ceagesp

 

Reportagem flagrou 30 meninas prostituídas; mais nova tem 9 anos


Um convênio entre a Prefeitura de São Paulo e a Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo (Ceagesp), na zona oeste, vai instalar uma base com agentes para combater a prostituição e o trabalho infantil dentro e nas imediações do lugar, por onde circulam cerca de 50 mil pessoas diariamente. O termo de cooperação será assinado amanhã.

A reportagem esteve na Ceagesp por uma madrugada, na semana passada, e encontrou, em uma "cidade" de 760 quilômetros quadrados, entre o forte cheiro de temperos, frutas, peixes e o colorido das flores, um mundo silencioso e escuro: o das crianças prostituídas. São cerca de 30 meninas, segundo as próprias garotas - a mais nova com 9 anos. Um programa custa, em média, R$ 30.

O desafio dos agentes de proteção que trabalharão na base no entreposto será estabelecer vínculos com essas meninas e resgatá-las da situação de exploração e violência em que se encontram. O problema é que essas garotas não se sentem exploradas ou vítimas de violência. Elas dizem que estão trabalhando para sobreviver e muitas têm o aval da família na atividade que exercem. "Futuro? Nunca penso nisso, não tenho planos. Quero o meu dinheiro hoje para sustentar a minha filha e comprar minhas coisas", diz Camila, de 16 anos, mãe de Gabriela, de 2, que parou de estudar na 5ª série. Assim como a maioria de suas colegas de trabalho, ela leva para casa hortifrútis que ficam no chão.

Entrada facilitada
Algumas meninas contam que se prostituíram como conseqüência do trabalho de "muambar". Levadas pela mãe ou por vizinhas quando pequenas, elas ajudam a catar sobras de alimentos do entreposto. "A gente vinha com a nossa mãe para pegar comida, e aí os caras falavam que davam R$ 30 para fazer sexo. É bem mais fácil ganhar dinheiro assim, né?", diz Paula, de 14 anos, e dois abortos neste ano. Ela se prostitui na Ceagesp com mais três irmãs, a menor delas com 9 anos, e tem outros sete irmãos menores.

Segundo as garotas, os clientes não são apenas os caminhoneiros, mas também permissionários, funcionários e ajudantes. "Meu primeiro programa foi com um dono de boxe de 57 anos, que me ofereceu R$ 30. Na época, tinha 12 anos e vendia balas. Depois, me dava R$ 50 e até R$ 100 quando viajava com ele. É o pai da minha filha e engravidou ao mesmo tempo a minha melhor amiga, que também transava com ele. Nunca assumiu as crianças", afirma Paula.

A maior parte das meninas mora em Jandira e em Itapevi, ambas na Grande São Paulo. Há também garotas das favelas vizinhas à Ceagesp. Oficialmente, a companhia proíbe a entrada de menores de idade desacompanhados. Mas, como freqüentam o entreposto há muitos anos, as garotas são conhecidas e têm acesso facilitado pelas pessoas que trabalham no local. Algumas entram como passageiras em caminhões ou carros. "Só tem uma solução para começar a mexer nisso: é preciso punir as mães", diz uma ex-prostituta de 43 anos que fez programas no local quando adolescente. "Todas elas sabem o que as filhas fazem e aceitam ser sustentadas por esse dinheiro. Isso não é vida."

Marici Capitelli
O Estado de S.Paulo

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