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incentivo
18/08/2004
Governo quer aliviar quem gerar empregos

O Ministério da Fazenda estuda novas medidas tributárias para aumentar a competitividade do setor produtivo e elevar, assim, a oferta de empregos no país. Outro objetivo é acelerar investimentos e o crescimento da economia. A primeira medida trata da redução dos encargos sobre o custo do dinheiro para os bancos e a segunda destina-se à desoneração da folha de pagamento. Também estão em estudo medidas que beneficiam o setor rural.

O governo está disposto a reduzir a carga tributária de PIS e Cofins cobrados de instituições financeiras para tentar baixar o spread bancário (diferença entre as taxas que os bancos pagam para captar recursos e o que eles cobram para fazer empréstimos) no país.

"Reduzindo o spread , você torna os empréstimos mais baratos e estimula a tomada de financiamentos que podem aquecer a economia e fazer o país crescer", disse um técnico do governo.

Outro objetivo
As instituições financeiras pagam hoje uma alíquota de 4,65% de PIS/Cofins sobre seu spread. A Receita Federal já está fazendo uma série de simulações para ver quais as possibilidades que podem ser adotadas para reduzir essa carga. Uma das idéias é baixar a alíquota. Já outra possibilidade é reduzir apenas a parcela de PIS e Cofins que incide sobre o spread que existe para os empréstimos concedidos a empresas.

" Essa segunda possibilidade teria um viés mais desenvolvimentista, uma vez que estimularia a atividade econômica no país", explicou um técnico do governo.

Ainda não é possível estimar a renúncia fiscal que a medida traria. A arrecadação com o PIS/Cofins cobrado de instituições financeiras chega a R$ 5 bilhões por ano.

Na outra ponta — a de gastos das empresas — em vez de reduzir pela metade a tributação sobre a folha de salário, como vinha sendo pensado, o governo está estudando um novo mecanismo para desonerar a folha e incentivar principalmente setores que são grandes empregadores, como o da construção civil. Um estudo submetido ao ministro Antonio Palocci há uma semana propõe isentar da contribuição previdenciária uma parcela fixa do salário. Pela proposta, os primeiros R$ 50 ficariam isentos.

Hoje, por exemplo, a contribuição do trabalhador doméstico é de 12% para o patrão e 8% para o empregado. Caso a medida seja adotada, a contribuição sobre o salário-mínimo, que hoje é de R$ 52, cairia para R$ 42. Isso porque, em vez de fazer o cálculo dos 20% da contribuição sobre os R$ 260 do salário-mínimo, o cálculo seria feito sobre R$ 210. Este valor de R$ 50 ainda pode ser alterado.

Outra medida em estudo destina-se ao setor rural. O governo pretende criar papéis denominados Certificados de Recebíveis Agropecuários (CRA) e de Sociedade de Propósitos Específicos (SPE), de capital privado. A idéia do governo é emitir títulos lastreados em recebíveis do agronegócio que poderão representar recursos extras de R$ 20 bilhões para o setor.

Mediador extrajudicial
Além dessas medidas, o Ministério da Justiça está analisando um projeto do governo que cria a figura do mediador extrajudicial para que as partes encontrem solução rápida, não-litigiosa, de conflitos surgidos em contratos e relações econômicas. O uso deste instituto se tornaria obrigatório, para tentar driblar a lentidão dos processos judiciais.

O governo considera que, resolvidas estas pendências e aprovadas a Lei de Falências (que está na Câmara para votação final) e o projeto das Parcerias Público-Privadas (que se encontra na Comissão de Assuntos Econômicos do Senado), estaria encerrado o primeiro ciclo das macro e micro reformas. A partir daí, a economia estaria preparada para um novo estágio de busca de parceiros nacionais e internacionais para financiar o setor produtivo.

As medidas seriam complementares ao pacote tributário anunciado há duas semanas.



MARTHA BECK
VALDEREZ CAETANO
do jornal O Globo

   
 
 
 

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