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orçamento
24/11/2003
Governo diz ao PT que aperto fiscal será mantido em 2004

Em reuniões separadas com governadores, prefeitos e ministros do PT, no fim de semana, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva avisou que o aperto orçamentário será mantido em 2004, pediu o empenho de todos na aprovação das reformas ainda neste ano e que os candidatos do partido a prefeito, nas eleições do próximo ano, defendam o governo.

"[O governo] é perfeitamente defensável", disse Lula na reunião de sexta-feira à noite, com governadores e prefeitos, segundo o relato de presentes.

Foram duas reuniões, ambas na Granja do Torto. A idéia partiu do presidente nacional do PT, José Genoino, e foi prontamente encampada por Lula. O objetivo: "distensionar" as relações internas de um partido no qual governadores, prefeitos e ministros estão insatisfeitos com a falta de liberação de recursos.

No encontro de anteontem, que se estendeu por todo o dia e reuniu todos os ministros do PT, o ministro Antonio Palocci Filho (Fazenda) disse, segundo relato de Genoino, que "o aperto orçamentário é inevitável" também em 2004 para manter o equilíbrio fiscal, a credibilidade e a confiança externas no país. Mas previu um ano melhor em função do desempenho da economia, que dá sinais de retomada do crescimento industrial e do emprego, também de acordo com Genoino.

Palocci e o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, disseram que os indicadores mostram uma retomada da atividade econômica: a taxa de juros real é a menor dos últimos oito anos e o risco-país está abaixo de 600 pontos, o que é considerado um índice relativamente baixo.

Uma projeção mais otimista, segundo o ministro, dependeria da aprovação das reformas da Previdência e tributária, em tramitação no Senado. Lula, quando falou, disse que o "rumo está certo, tivemos grandes vitórias" e pediu que o governo mantivesse "esse pique", ainda segundo Genoino.

O presidente também considerou fundamental a aprovação das duas reformas ainda neste ano e pediu o empenho dos ministros no trabalho de convencimento dos congressistas aliados. Para o presidente do PT, o governo dispõe de uma "maioria apertada" no Senado para aprovar a reforma da Previdência, que começa a ser votada amanhã.

Apelo dramático
O próprio Genoino disse que fará um "apelo dramático" aos senadores petistas Paulo Paim (RS) e Flávio Arns (PR), que manifestam dúvidas sobre o projeto. Mas não tem muitas expectativas em relação ao voto da senadora Heloisa Helena (AL).

Lula pediu "humildade" aos petistas: "Temos de negociar, mas sem abaixar a cabeça. Nós sabemos aonde queremos chegar", teria dito o presidente.

Na avaliação do governo, a reforma da Previdência tem tudo para ser votada nesta semana. A projeção é mais pessimista em relação à tributária: ela dificilmente ocorreria antes de 15 de dezembro. Por isso, os presidentes do Senado, José Sarney (PMDB-AP), e da Câmara, João Paulo Cunha (PT-SP), abriram conversações sobre a possibilidade de autoconvocação do Congresso.

Preliminarmente, Lula descartou debater a reforma ministerial que deve fazer para
acomodar o PMDB no governo. É um assunto que ele só pretende tratar após a aprovação das reformas.

Na véspera, também no Torto, Lula, Palocci e os ministros José Dirceu (Casa Civil) e Luiz Dulci (Secretaria Geral da Presidência) reuniram-se com dois governadores e os sete prefeitos de capital do PT, entre os quais se encontravam Jorge Viana (AC), Wellington Dias (PI) e a prefeita Marta Suplicy (SP). As duas reuniões foram cercadas de sigilo.

Nessa reunião, Lula reconheceu que o governo teve dificuldades em 2003 para liberar recursos, que foi um ano de "sacrifícios", mas disse acreditar que em 2004, mesmo com as restrições orçamentárias, o país voltará a crescer.

Campanha federalizada
Na conversa, ficou implícito que todos esperam pela "federalização" da campanha municipal do próximo ano nas grandes capitais. Para Lula, o PT não deve se abater com as críticas e reafirmar que não se esqueceu de seus compromissos sociais.

O clima da reunião com governadores e prefeitos, na noite de sexta, foi descrita por uma dos convidados como de "confraternização de fim de ano e balanço". A de sábado se estendeu das 9h30 às 19h30. No almoço, Lula serviu feijão, arroz, torresmo e salada. Ele também levou os ministros para conhecer um criadouro de peixes construído no Torto.

Lá também ficou decidido que, após a aprovação das reformas da Previdência e tributária, o governo e o PT vão concentrar suas energias nas reformas política e do Judiciário.

Ao decidir fazer a reunião com os ministros do PT, Genoino procurou Lula para informá-lo. "Eu faço questão de ir", teria respondido Lula. "Eu vou convidar para uma conversa lá no Torto. Tem de ser descontraído".


Raymundo Costa e Julianna Sofia,
da Folha de S.Paulo, em Brasília.

   
 
 
 

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