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“Com
todo respeito, o vandalismo da Praça da Sé não
tem nada a ver com "Rapers, pobres e violentos",
mas sim, com um coisa que eu ouvia do meu pai quando criança,
que com certeza ele ouvia do dele. Falta de vergonha na cara;
digo isso no tocante ao geral do povo brasileiro; falta de
vergonha em chegar atrasado em compromissos, humilhando quem
chegou na hora combinada (médicos fazem isso, zés
ninguém também), falta de vergonha ao não
se comportar com dignidade, principalmente estando em público,
(lembra da sua mão falando, quando você simplesmente
falava alto em um lugar público "fale baixo menino,
pensa que está na sua casa?"; falta de vergonha,
um vez que você não é ladrão de
se apropriar de bens que não são seus, mesmo
que sejam pequenas coisa e por aí vai”,
C. Santiago - arsene-lupin@bol.com.br
“Por que não falar também da ineficiência
da polícia? Será apenas "um grupo de marginais
que estavam esperando qualquer pretexto para extravasarem
sua marginalidade", por que a PM não conseguiu
controlá-los? Por que acionar a tropa de choque, indicada
para agir quando o alvo já está definido, em
um evento público? A música dos Racionais é
uma expressão de arte e, como qualquer outra, tem o
direito de ser reproduzida em qualquer hora ou lugar. É
estúpido pensar que se houvesse censura da música
não haveria a violência”,
Camila Zanetti - camizanetti@hotmail.com
“Escrevo por achar no mínimo errônea e
preconceituosa essa sua visão a respeito dos rappers
brasileiros, a princípio você mesmo já
declarou não gostar do estilo de música e etc
. Aos meus 13 anos de idade morando numa das periferias de
São Paulo, assisti a um dos primeiros shows do grupo
Racionais Mc's. Ali estavam gente de todo lugar que se pode
imaginar, tudo corria muito bem, a massa dançando curtindo
as músicas, quando de repente chega a PM, sem motivo
algum disseram pra parar o evento, deu- se inicio a pancadaria,
e por fim, no dia seguinte a notícia sabe qual era:
"Show do grupo Racionais termina em confusão e
pancadaria”. Uma extensa matéria ( como está
sua ) discriminando as letras das músicas do grupo,
dizendo que na periferia as coisas eram mesmo dessa forma.
As letras de Rap (principalmente Racionais Mc's) me fez ser
o que sou hoje. Deixei pra traz todo o lado violento da região
em que morava e passei a encarar as coisas de uma forma mais
real, estudei (mesmo sem nem ter roupa e calçado pra
ir a escola), tive oportunidade (que eu mesmo criei) de ingressar
numa universidade, hoje estou terminando a faculdade, tenho
uma boa colocação na empresa onde trabalho,
sou respeitado por todos, e sei bem valorizar as pessoas.
Infelizmente, grande parte da sociedade (pobres) levam e interpretam
as letras das músicas de outra forma, ao invés
de reverem seus valores, transformam isso em ódio contra
o governo, contra a classe dominante (ricos), os quais realmente
tem uma grande parcela de culpa nessa miséria que o
mundo hoje está enfrentando .
O grupo Racionais Mc's sempre foram,
e sempre serão perseguidos, a coragem que eles têm
e tiveram pra enfrentarem de frente, sair das periferias pra
contar o que acontece lá dentro, com a letras de suas
músicas, e além do mais, não deixam brecha
pra mídia manipular suas vidas, não precisaram
de intervenção da mídia pra estarem onde
estão, esses caras são heróis. Mano Brown
é um idealista, um guerreiro, um filósofo e
é justamente isso que deixa vocês furiosos “,
Filipe Moura da Silva -
filipemoura@jbs.com.br
”Na coluna o jornalista afirma que as letras dos rappers
refletem o ambiente em que vivem, ou seja, diz então
que a violência e o desrespeito tem origem na periferia,
motivo pelo qual tem direito de estender e levar a violência
para o resto da sociedade, afirmação esta com
os quais não posso concordar. Primeiro porque, não
é porque é pobre que tem o direito de desrespeitar
e ser violento com o restante da sociedade, mesmo porque,
ninguém tem culpa dele ser pobre, além do que
a maioria dos pobres são educados e respeitador e são
exemplos de bons educadores ao contrário dos ricos
que diferentemente dos pobres dificilmente são exemplos,
portanto, não concordo com a opinião do jornalista.
Assim como, entendo que ele deve ter muito cuidado ao escrever
sobre o assunto dessa natureza, pois, opinião dessa
natureza pode ter conseqüências inesperadas. Por
outro lado entendo que Rap não é música,
muito menos meio de comunicação, e sim apologia
do quanto pior, melhor”,
J.Murassawa - murassawa@uol.com.br
“Compartilho da sua opinião quanto ele ser uma
da única saída para muitos
jovens que assim como eu tenho uma banda de rap, moro em um
bairro de periferia (parelheiros). Mas, dizer que copiamos
o estilo dos americanos acho está sendo um tanto ignorante
(no bom sentido da palavra de não saber sobre o assunto),
pois assim como em outras culturas independente do pais as
pessoas se caracterizam por sua forma de vestir e muitas vezes
de protesto, assim como o punk,o rock,o regue,o tecno. O próprio
Roberto Carlos, que a mídia diz ser o rei, é
só ver os filmes que faziam com ele que verá
uma cópia do Elvis.
O problema é muito maior do
que um ritmo de música. Na Virada Cultural, em todos
os palcos, sem exceção, havia muita droga, pessoas
sem nenhum pudor se drogando a todo momento. Estava lá
no público do show da mesma forma que haviam milhares
de pobres haviam milhares de jovens de classe média
também, que não sei se por falta de oportunidade
queriam ver o show do racionais”,
gullivertramit1@hotmail.com
“É curioso que o
vandalismo não começou quando se apresentavam
músicas clássicas, samba, pagode etc. Começou
justamente com a apresentação dos que advogam
a violência em suas "músicas" - que
a boa música me perdoe a comparação.
Será coincidência? Ou relação de
causa e efeito?”,
Marco A. Maciel - dpmo@carol.com.br
”Achei oportuníssimo seu artigo. Gosto é
uma coisa muito discutível, entretanto, essa turma
que anda atrás desses marginais no meu entender é
nada mais que oportunistas que não conseguiram nada
na vida e estão se "dando bem" num universo
de gente sem cultura e sem esperança, no país
que já ultrapassou todos os níveis de razoabilidade.
Tenho uma sugestão sobre as apresentações
dessa turma daqui pra frente: quem os contratar, seja entidade
pública ou privada, deverá fazer constar em
contrato que, qualquer arruaça ou quebradeira de quem
quer que seja, será paga pelos tais " manos",
Helvécio Pinton
- hpinton@auroratextil.com.br
"Fantástico. Concordo
plenamente com você. Morei na periferia extremo leste
de São Paulo (Guaianazes), é muito triste você
conviver com situações que deveriam ser inaceitáveis,
mas que no mundo "periferia" é muito comum.
A luta pela sobrevivência diária não fica
apenas na marginalidade crua, mas sim daquele que acorda 3
horas antes para chegar no local trabalho e quando chega atrasado
corre o risco de voltar para casa pois o suposto "chefe"
não acredita. Mas, é lógico, quando você
se locomove com o seu próprio carro utiliza a palavra
chamada "autonomia", e exerce o direito constitucional
de ir e vir - diferente de quem utiliza transporte coletivo
e fica a mercê do caos que é São Paulo.
Outro tipo de marginalidade é
o salário daquele operário que sustenta uma
super família que também, pela falta de instrução,
orientação, dinheiro, coloca no mundo não
menos que 3 filhos. Mas vamos pensar friamente: para o alto
escalão, está ótimo se esses filhos seguirem
o mesmo caminho que os pais, pois serão mais operários
para se submeter ao mundo hipócrita de patrãozinho.
Não levando em conta a casa
humilde onde ele vive, quando não mora deploravelmente
em um local com risco de vida quando a chuva cai ou o ladrão
dá um tiro de algo lugar, mas também hoje em
dia para levar um tiro é só querer se brincar
vai virar liquidação, "quem quer mais".
Não sou a favor da violência
(muito pelo contrário) e não curto o Racionais,
mas eles expressam o que realmente acontece, disso não
tenho dúvida. Penso que podemos viver em paz e trabalhar
para melhorarmos esse país que é maravilho",
Márcia Welita,
São Paulo (SP)
- marcia.welita@orbitall.com.br
"O problema da violência na Virada Cultural não
é culpa dos Racionais, dos pobres ou da juventude.
Pelas imagens que vi, a polícia exagerou, sim. Não
precisava sair atirando contra a multidão se o estopim
foi um grupo que estava em cima de uma banca de jornal (portanto,
bem localizado), conforme alguns veículos noticiaram.
Há jovens que vão continuar danificando o espaço
público (e muitos das classes média e alta),
enquanto os secretários estaduais de segurança
pensarem que eventos culturais como a Virada não devem
mais ocorrer. O que não deve ocorrer é a ação
de grupos de extermínio em SP, que agem impunemente
nos bairros pobres da capital, como no último domingo
no Jaraguá",
Fátima Bueno
- lbuenoo@uol.com.br
"Qual a origem do estilo das calças, camisas,
ternos e sapatos que o senhor usa? Tupiniquim, por acaso?
Conforme a disposição do ouvido, Diário
de Um Detento pode ser mais profundo, porque mais concreto,
que um cordel sobre o cangaço. Já que seu ouvido
não foi educado para a "barbárie",
experimente ler a letra ao som de violinos.
Eu, provavelmente por alguma falha em minha capacidade de
análise, consigo ver a mesma vibração
pungente que há em Disparada, por exemplo. É
interessante saber que o senhor, mesmo respeitando os rappers
por outros motivos, defenda que eles não mais sejam
convidados - ou contratados, para "tocar em eventos públicos
se não assumirem o compromisso de respeitar a platéia."
É a primeira vez que artistas (pelo que imagino, nem
sei se assim os considera) atrasam-se em eventos? O senhor
também defende que todos os outros artistas que tenham
atrasado, caso seja do seu conhecimento, também sejam
excluídos dos eventos pagos com dinheiro público?",
Shasça
- kshasca@yahoo.com.br
"Acho, de certa forma, engraçado certas pessoas
dizerem que o r.a.p é estereotipado. Como se a bossa
nova não tivesse influência do jazz. Como que
se esse tal rock nacional tivesse nascido aqui, fora essa
atitude tipicamente de roqueiro (tatuagens, calças
pretas). Também é enlatado, tudo é enlatado.
Quanta idiotice em virtude de uma música que é
a cultura dos massacrados. Vocês deram as costas e agora
querem uma trégua da guerra que criaram e fizeram (desde
a escravidão).
Os ricos dizem que pobre não tem cultura e querem que
agora que o povo curta mpb, bossa nova, com estes ingressos
caríssimos, com essa gente metida a besta nos olhando
de cima e pensando o que eu faço ali.
A postura do r.a.p não está
aí para agradar os abastados e muito menos a polícia
(que sempre teve uma postura extremamente rude com os pretos
e com os pobres para defender os interesses dos burgueses).
Sempre.
Bom, espero que o bom senso
esteja presente e que o r.a.p por enquanto continue marginal
assim como o samba já foi, o reggae e tudo na cultura
de massa dos desvalidos",
Thajo, São Paulo
(SP) - thajo_v876@yahoo.com.br
" Ao ler a notícia do confronto entre policiais
e público não me surpreendi apesar de me entristecer
muito. São Paulo estava borbulhando. Participei de
algumas atividades, mas me chamou atenção o
consumo exagerado e indiscriminado de bebidas alcoólicas.
Pelos caminhos, encontrei muita gente jovem bêbada,
carregando garrafas com líquidos misturados em garrafas
de pinga, vodka etc., vômitos e comportamentos inadequados
para espaços públicos.
Para o próximo ano proponho
uma Virada Cultura sem álcool. Isso, sim, será
um evento cultural democrático e civilizado. Todos
curtindo as emoções que a cultura e as artes
nos proporcionam sem a necessidade do álcool para potencializar
a nossa sensibilidade e nos tirar a capacidade maravilhosa
do ser humano de sentir por si e ser consciente de seus atos",
Ana Maria Wilheim
- anamariawilheim@hotmail.com
"Confesso que assim que
iniciei a leitura da coluna comecei a ficar revoltada. Já
preparava para escrever um texto enorme sobre o rap e a periferia.
Porém, me enganei. Ainda bem. Com toda sua experiência
e inteligência, colocou em seu artigo os pontos e palavras-chaves
desse grande dilema que se transformou, infelizmente, a Virada
Cultural.
Não sou rapper e, para dizer a verdade, como você,
não admiro muito como um estilo musical. Porém,
escolhi esse tema para fazer meu TCC de jornalismo. Escrevi
um livro ano passado sobre a ligação das letras
de rap com as histórias das periferias, e com isso
pude conhecer um pouco desse universo. Exatamente por isso,
não consegui ouvir rádio e ler notícias
que apenas condenavam o rap. Em uma rádio local, o
locutor culpou todos pela violência",
Eliane Silva
- elianejd@gmail.com
"Concordo com o que escreveu
na matéria sobre os Racionais na Praça da Sé,
e acrescentaria também que a polícia despreparada
para conter confusão foi uma das grandes culpadas pelo
caos que se formou na praça marco zero da cidade. Alguns
delinqüentes estavam subindo numa banca de jornal. Ao
invés da polícia tirá-los de lá
e deixá-los num camburão resfriando a cabeça,
não, deixavam eles voltarem e continuava a subir nas
marquises e bancas. Assim formou mais uma zona. A polícia
atirando e eles jogando coisas. Isso sempre vai acontecer
em shows em que a periferia estiver presente, porque essa
classe sem privilégios odeia a polícia corrupta
e violenta. Acho que isso teria de ter sido citado também
no texto",
Jessé Pinheiro
- jessepinheiro@sescsp.org.br
"O tratamento que a mídia, em especial o senhor,
vem dando para este caso da repressão no centro da
cidade é um ato de violência contra o público,
principalmente o que estava lá. E eu estava; e eu vi.
Aliás, já que falamos em violência, a
tropa de choque do partido do senhor passou a semana passada
inteira espancando moradores de favela. E espancou porque
os moradores protestavam justamente contra o quê? Contra
a violência policial",
Joseph Nair
- josephnair@estadao.com.br
"A saída é justamente essa, ocupar as ruas
com música. É tirar todos de casa, não
para matar os delinqüentes, mas para preencher os espaços
vazios com gente de bem cantando, dançando, rezando
ou qualquer coisa",
Hamilton Filho
- Hamilton@sefaz.ce.gov.br
"Sou assíduo leitor de suas colunas. Gosto muito.
Ao ler seu comentário sobre a confusão na Praça
da Sé, lembrei de um artigo escrito pelo Xico Sá
chamado “Pânico em SP”. Descreve com a maior
exatidão o que aconteceu, que boa parte da imprensa
(e até mesmo os presentes) não viu. Achei enriquecedor
na tentativa de mensurar as responsabilidades. De qualquer
forma, concordo com você quando se refere aos poucos
com más intenções",
Ricardo Acosta
- ricardo.acosta@gmail.com
"Nota dez para seu texto. Neste caso a culpa não
é mesmo do Mano Brown. Em minha opinião, a culpa
é do infeliz que contratou o grupo para participar
do evento. No mais, nos outros eventos, havia mais gente da
“periferia” e não houve problema algum.
Rap não é sinônimo de periferia. Seria
simplificar demais. No final você foi preciso: foram
os únicos que se atrasaram e ainda não concluíram
o espetáculo, ou concluíram?",
Humberto Batista Munhoz
- humberto.munhoz@unibanco.com.br
"Até concordo quando diz que pode ser puro preconceito
contra a periferia, mas por outro lado acho que este tipo
de protesto dos Racionais e de outros grupos também
(que através das músicas incita a policia, provoca
a sociedade, o capital, etc.) não leva a nada. Acho-os
um bando de otários, ingênuos.
Também já fui muito pobre e sempre questionei
(continuo até hoje) nossa sociedade (uma das mais injustas
que conheço), porém fui à luta, estudei,
fiz uma universidade e hoje me sinto mais preparado para continuar
questionando o sistema que aí está.
Dou palestra (como voluntário) nas escolas da periferia,
dou meu recado aos jovens: estudem, busquem o conhecimento,
se tornem cidadãos do bem (respeitados) e aí,
sim, poderão exigir e contribuir (como exemplo) para
que outros consigam um lugar melhor na sociedade. Aprendi
uma coisa na vida, para combater o sistema é preciso
entrar no sistema. No grito, ninguém consegue nada",
Rui Marangoni -
rui@wiabiliza-rh.com.br
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