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comemoração
06/04/2005
Sociedade civil assumirá administração da Pinacoteca do Estado
 

Em meio à programação de comemoração dos cem anos da Pinacoteca, fundada em 25 de dezembro de 1905, a instituição será submetida a uma reformulação administrativa, passando a ser gerenciada pela sociedade civil, a partir de junho próximo. Segundo Marcelo Araujo, diretor da Pinacoteca, essa fórmula apenas oficializa uma prática já existente na gênese da instituição: "Nosso sucesso vem da parceria entre Estado e iniciativa privada".

A programação começa com Henry Moore, mas tem mais de 50 eventos marcados, alguns até fora da Pinacoteca, como uma mostra no prédio da Fiesp, na avenida Paulista, a partir de agosto, sobre o histórico da instituição, além de uma exposição itinerante, com reproduções do acervo, que irá circular por 25 cidades do interior. Até mesmo a Banda Sinfônica do Estado tomará parte do calendário: há sete músicos, entre eles Arrigo Barnabé e Roberto Sion, que preparam composições a partir do acervo para serem apresentadas em junho.

Araujo conversou com a Folha sobre o sucesso do museu mais visitado da cidade e os desafios de sua nova fase administrativa. Leia a seguir os principais trechos.

Folha de S.Paulo - Por que começar as comemorações dos cem anos da Pinacoteca com Henry Moore?

Marcelo Araujo - Henry Moore é um dos mais emblemáticos artistas do século 20. Em seu trabalho se observam algumas das questões mais importantes debatidas nesse período, como a passagem do figurativo para o abstrato, a incorporação de culturas distantes, as marcas da guerra e questões construtivas.

Folha de S.Paulo - A exposição de Rodin trouxe grande público ao museu. Qual a expectativa com Moore?

Araujo - O Moore é a continuidade à tradição que se criou aqui em apresentar influentes escultores, como Rodin ou Camille Claudel, mas ambos foram importantes no século 19. Com Moore, entramos agora no século 20.

Folha de S.Paulo - A Pinacoteca é, hoje, o museu com maior prestígio na cidade, mesmo sendo do Estado, que em outras áreas não consegue tanta eficácia. A que você credita esse sucesso?

Araujo - Ela tem uma situação privilegiada. Primeiro pelas instalações físicas, são dois prédios qualificados. É o único museu que pode mostrar arte brasileira do século 19 ao século 20 de forma adequada. Depois pela diversidade do que se expõe aqui, sejam obras contemporâneas ou tapeçaria francesa, o que traz um público amplo. É na articulação dessas questões -o edifício, o acervo, a diversidade e também o setor educativo, outro ponto alto- que ela alcança tanta visibilidade.

Folha de S.Paulo - Apesar de ser um museu estatal, a programação sempre teve apoio da iniciativa privada, e a Pinacoteca está num período de transição para ser administrada por uma organização social. Como está esse processo?

Araujo - Em junho próximo, a Pinacoteca já será administrada por uma OS [organização social]. Estamos na fase de qualificação da Associação de Amigos, que irá desenvolver o papel gerencial, numa parceria que, de fato, já vem ocorrendo aqui há cem anos. Não podemos nos esquecer que a Pinacoteca surgiu no Liceu de Artes e Ofícios, instituição privada.

Folha de S.Paulo - Mas não há aí um risco de ela perder as condições que lhe concedem esse papel privilegiado?

Araujo - A comemoração dos cem anos é uma forma de afirmar o caráter público da instituição. Além do mais, na forma como estamos implementando a OS aqui, tanto o diretor como o Conselho de Orientação continuarão a ser indicados pelo governo estadual.

Folha de S.Paulo - Isso é uma novidade...

Araujo - Sim, estamos lutando para que isso ocorra, especialmente pela natureza da Pinacoteca: a gestão será cedida a uma OS, mas o acervo continua estatal, e as novas aquisições irão para o Estado. O importante é que nesse novo sistema haverá maior participação da sociedade civil sem que o Estado abra mão de sua função.

FABIO CYPRIANO
da Folha de S.Paulo

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