I - Apresentação
Bienal acentua contraste da indústria editorial e tenta reverter situação

ANDRÉ TARCHIANI SAVAZONI
repórter da Folha Online


Veja a situação de contraste: o Brasil é a oitava indústria editorial do mundo, com cerca de 12 a 15 mil novos livros publicados por ano.

Mesmo tendo cerca de 6.000 municípios, essas obras chegam ao mercado, muitas vezes, com uma tiragem de apenas 2.000 exemplares.

Em meio a tudo isso acontece em São Paulo entre os dias 28 de abril e 7 de maio a 16ª Bienal Internacional do Livro, o maior evento do gênero realizado na América Latina.

A Bienal é considerado o terceiro maior evento de literatura da atualidade, perdendo apenas para as feiras de Frankfurt, na Alemanha, e para a Book Expo America, dos EUA.

De acordo com dados da ANL (Associação Nacional de Livrarias), existem cerca de 1.200 livrarias espalhadas pelo país, num total de 6.000 pontos de venda. “Nesses dados incluímos também aquele armarinho do interior que vende livros didáticos no início do ano”, afirmou Raul Wassermann, presidente da CBL (Câmara Brasileira do Livro), organizadora da Bienal.

Mais leitura

O objetivo dos organizadores da Bienal é realmente o de massificar a divulgação dos livros, fazendo com que o hábito da leitura seja encarado como um prazer. “Tanto que não estamos dando muita importância aos números na Bienal, mas sim no que podemos contribuir para a cultura e para a produção editorial”, diz Wassermann.

Preços e dificuldade de acesso a consultas públicas impedem que a leitura no Brasil seja acessível. “O problema não é que o brasileiro não gosta de ler, mas sim que não tem acesso à leitura já que as bibliotecas públicas são raras e o poder de compra é baixo.” Dentro da Bienal, além dos lançamentos de aproximadamente mil novos livros, será realizada uma ampla programação cultural, com destaque para o “Salão de Idéias”, onde, entre outros assuntos, serão discutidas as saídas para melhorar o modelo de leitura no país.

“Costumamos dizer que o editor é sempre um otimista porque vive apostando no futuro, mas está na hora de encontramos as saídas”, disse Wassermann.

Novas bibliotecas

Ao lado de Arthur Repsold, diretor-executivo da Fagga Eventos, também organizadora da Bienal, Wassermann aponta alguns caminhos interessantes. O primeiro é tornar o livro mais acessível aos brasileiros.

“Por isso estaremos fazendo uma campanha muito grande na Bienal, aumentando o número de visitações escolares. Esperamos que cerca de 3.000 escolas passem pelo Expo Center Norte”, disse Repsold.

Segundo Wassermann, o maior problema no Brasil é a falta de bibliotecas públicas. “Não precisam ser apenas do governo, mas também da iniciativa privada. O importante é que tenham um espaço lúdico, reunindo cultura e lazer”, afirmou o presidente da CBL.

“Atualmente são salas fechadas e pequenas, onde ninguém toma conta.” Ele critica as atuais bibliotecas e diz que, entre outros problemas, contam apenas com livros mais antigos, sem uma renovação constante. “Não que os clássicos não sejam importantes, mas as novas obras precisam estar presentes.” De acordo com Repsold, outro caminho é o de incentivar a presença de bibliotecas nos bairros, principalmente nas escolas municipais e estaduais. “Sempre falamos em leis de incentivo fiscal, mas precisamos dar a nossa contribuição.”

Sobre a Bienal

A 16ª Bienal Internacional do Livro será realizada em três pavilhões do Expo Center Norte, na rua José Bernardo Pinto, 333, Vila Guilherme, em São Paulo, e estará aberta das 10h às 22h, entre os dias 28 de abril e 7 de maio. Os ingressos custarão R$ 5 e R$ 2,50 (estudantes).

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