05/12/2002
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03h04
Álbum "Pietá" é mesmo dos jovens, Maria Rita à frente de todos
PEDRO ALEXANDRE SANCHES do enviado da Folha ao Rio
É de incomum nobreza o gesto de Milton Nascimento de se encolher em "Pietá" para dar vazão a toda uma gama de artistas jovens, muitas vezes díspares uns dos outros.
O gesto bate e volta no próprio Milton, que há muitos discos e shows não exibia o vigor criativo que aparece aqui, não só em canções da moçada, mas também em parcerias clássicas como a da fina "A Feminina Voz do Cantor" (dele com Fernando Brant).
Mas não é hora de esses ocuparem a boca de cena. "Pietá" é mesmo dos jovens, como fica claro já de início, na corpulenta "Casa Aberta", cantada com Marina Machado e co-composta pelo parceiro dela Flávio Henrique.
E, sem que isso implique demérito a Marina e Simone Guimarães, Milton sabe perfeitamente o quilate do que segura agora pela mão. "Pietá" poderia atender pelo nome de Lília, Ângela Maria, Elis, "Maria, Maria" (canção dele que Elis eternizou). Mas não, ela se chama Maria Rita Mariano.
Milton sabe que deu duas canções sensacionais à afilhada. "Tristesse" (dele e de Telo Borges) tem impregnadas em seus poros dor e saudade de alguém que se foi. "Voa, Bicho" (de Telo e Márcio Borges) desvela alegremente libertação, como se o "Assum Preto", de Luiz Gonzaga, fosse solto da gaiola em chão mineiro.
Em Maria Rita, são cantadas com a força emotiva certeira de Elis e sem a carga dramática excessiva de Elis; com a sinceridade que Elis sempre desfibrou e com a leveza humorada que Elis nunca alcançou. Há algo novo no ar, e não são os aviões da Panair.
Pietá Artista: Milton Nascimento Lançamento: Warner Quanto: R$ 27, em média
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