19/10/2001
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10h55
Moretti elabora dor da perda em "O Quarto do Filho"
ALMIR LABAKI articulista da Folha
Chora-se muito, na tela e fora dela, nas sessões de "O Quarto do Filho", Palma de Ouro para Nanni Moretti no último festival de Cannes. Mas os golpes fáceis e hiperbólicos do melodrama passam longe dessa singela obra-prima.
O segredo de Moretti é a contenção. Com rara economia,"O Quarto do Filho" desenvolve-se na estrutura clássica dos três atos.
Primeiro, conhecem-se os protagonistas, uma família italiana de classe média como tantas: o pai psicanalista (Moretti), a mãe editora (Laura Morante), o belo casal de filhos adolescentes. Segue-se a tragédia e um deles se vai. Na conclusão, elabora-se o trauma no duro aprendizado de um novo cotidiano.
Mais que um filme sobre a perda, como era seu legítimo antecessor, o subestimado "Gente como a Gente" (81), de Robert Redford, Moretti fez um filme sobre o essencial. Ele mesmo se confirma como nunca um ator delicado e generoso, rompendo com o tipo autobiográfico de tantos filmes.
Em Cannes, ainda antes de sua primeira projeção, já prenunciava-se uma Palma para Moretti, antes como prêmio de consolação para a Itália pelas derrotas recentes de "Caro Diário", do próprio, e de "A Vida É Bela", de Benigni. Bastou uma sessão para "O Quarto do Filho" erguer-se por seus próprios méritos. O cinema italiano, afinal, revive.
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O Quarto do Filho (La Stanza del Figlio) Direção: Nanni Moretti Produção: Itália, 2000 Com: Nanni Moretti e Laura Morante Quando: hoje, às 22h15, no Unibanco Arteplex; amanhã, às 21h40, no Espaço Unibanco; e domingo, às 15h35, no Cinearte
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