Folha Online Ilustrada  
Crítica
22/10/2001 - 18h56

"Histórias Proibidas" traz universo podre de Todd Solondz

LAURA PRADO
da Folha Online

Quem conhece o universo dos filmes de Todd Solondz tem duas reações diversas: atração ou repulsa. Seus personagens são amorais e frequentemente se metem em situações socialmente repreensíveis, onde são os únicos a não enxergar a disparidade de suas ações. Eles vivem em um universo condenado.

Em "Histórias Proibidas", esses personagens voltam, um desfile de personalidades pouco ortodoxas que não conseguem encontrar um lugar no mundo quadrado e cinzento à sua volta.

Na primeira história, obviamente a de menor importância para o diretor, a jovem Vi (Selma Blair) enfrenta a faculdade tendo de lidar com um namorado com paralisia cerebral, movido por uma vitimização constante, e um professor de redação frio e distante. A aceitação aparece como fator central de sua vida, no momento em que ela é desprezada pelo namorado e se envolve rapidamente com o professor. Quando pensa que conseguiu ser aceita no grupo, ela é chutada sem dó nem piedade. Por mais que tente, um personagem de Solondz não pode e não consegue fazer parte de um grupo.

Na segunda história, "Não-ficção", um ator fracassado, vendedor de sapatos, que tenta conseguir um lugar na indústria cinematográfica, procura personagens para um documentário sobre adolescentes de subúrbio e as expectativas da ida à faculdade.

Encontra seu personagem central (o único, na verdade) em Scooby, um adolescente que personifica a visão que o diretor tem da adolescência: um beco sem saída entre a infância e a vida adulta, de onde não se pode sair e onde não se tem perspectiva de crescimento emocional. Essa visão casa bem com a trilha sonora, composta pelo grupo escocês Belle and Sebastian. A temática das músicas do grupo passeia por entre jovens suicidas, desesperados e desiludidos.

A família de Scooby está lá para mostrar quão impossível é a participação do garoto em uma sociedade normal.

O pai (John Goodman) chega a ser um clichê: autoritário, só quer ver o filho na faculdade. A mãe, sussurrante, não assume posições claras e está sempre do lado socialmente mais aceitável. Seu irmão mais novo é o orgulho da família, joga futebol, estuda, têm uma namoradinha líder de torcida e sofre com medo de ter sua popularidade arruinada pelos boatos da homossexualidade do irmão. Seu irmão caçula, aparentemente o único com algum raciocínio na família, é o que faz as escolhas mais repreensíveis, mais egoístas e o que acaba por causar danos a toda a família.

Mais uma vez, Solondz tenta chocar pelos tabus. Mas, diferente de "Felicidade", seu filme anterior, em "Histórias Proibidas" o choque não vem da exposição de tabus sociais, como a pedofilia e a aversão a estrangeiros.

Ele vem das pequenas ações do dia-a-dia, que não provocam situações calamitosas e incontroláveis, como em "Felicidade", mas apenas a desgraça daqueles que rodeiam o autor da ação. E ao tentar arrancar reações de sua platéia através desses tabus, Solondz torna o processo um tanto repetitivo e sempre constrangedor. Mas, até aí, viver é constrangedor, em diversos aspectos.

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 Serviço

Histórias Proibidas (Storytelling)
Direção: Todd Solondz
Produção: EUA, 2001 (88 min)
Quando: dia 1º de novembro, às 21h, no Cinemark Market Place


   
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