29/10/2001
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14h58
Belle & Sebastian fez show virar festa indie no Free Jazz
CLAUDIA ASSEF da Folha de S.Paulo
O Main Stage, palco pop do Free Jazz, viveu, na última sexta, seu momento "centro acadêmico", com a apresentação dos escoceses do Belle & Sebastian.
Sem a vocalista Isobel, que, na última hora, ficou com medo de subir no avião, a banda mostrou empolgação adolescente do momento em que subiu ao palco, à 1h, até o fim, quase uma hora e meia depois.
O vocalista Stuart Murdoch liderou a festinha indie que a banda propôs à pista. Não era nem preciso notar a camiseta de Murdoch, estampada com a capa de "Hatful of Hollow", para entender que a banda transpira The Smiths pelos poros. Daí veio "Dirty Dream Number Two", música do disco "The Boy with the Arab Strap". Foi o começo do namoro do grupo com a platéia.
Murdoch chamou uma fã e entregou-lhe um papel. Pediu que ela lesse um trecho da letra em português. Mais criativo do que vestir a camisa da seleção, não?
Em primeiro plano, Murdoch faz o papel de mestre-de-cerimônias da banda. Mas o grupo se espalha para os lados, homogêneo, com gente tocando de tudo, batendo palmas, tomando o palco.
Os moços mostram, sem querer, que são bem-educados. A começar pelo nome da banda, tirado do livro cult "Belle et Sébastien", de Cécile Aubry. Nesta turnê, que promove o CD "Fold Your Hands Child You Walk Like a Peasant", há a praxe de tocar músicas típicas do local por onde passam. No Rio e em SP, reverenciaram os Mutantes.
Primeiro com a versão do trio paulistano para "Baby", de Caetano Veloso. Cantada num português desenvolto pela tímida violinista Sarah Martin. A música começou dividindo opiniões, com algumas vaias escapando da platéia. Teria sido equivocado tocar Caê? A versão, colada na dos Mutantes, terminou com urros da platéia.
Em "Jonathan David", single novo, a dupla Murdoch e Stevie Jackson cantou, caprichando nos passinhos saltitantes, a história de dois rapazes apaixonados pela mesma moça. Em "The Boy with the Arab Strap", hit indie, o frágil Murdoch canta sobre tolerância.
Em seguida, Murdoch jogou a frase: "Você tem preservativo? Não? Então, não podemos", lida de um livrinho de como se virar em português. Mas a platéia podia, sim. E Belle & Sebastian sacou da manga "Minha Menina" (Jorge Ben Jor) em versão bem Mutantes. Em português enrolado, Stevie Jackson se virou como pôde. Mas não importava mais. Àquela altura, os gringos já haviam se feito entender.
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