29/10/2001
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15h03
Sigur Rós destoou na noite folk do Free Jazz
PEDRO ALEXANDRE SANCHES da Folha de S.Paulo
O espírito da primeira noite pop-rock do Free Jazz 2001 era retrô, folk, uma coisa assim Simon & Garfunkel. Quem destoou foi a divisão islandesa Sigur Rós, feita de homens e mulheres do gelo caídos sem mais nem menos, feito anjos, neste solo tropical.
Violinos, violoncelos e instrumentistas de fibra erudita faziam ver que não se tratava propriamente de uma banda pop-rock. Ou até sim, mas o rock neste novo século pode já haver perdido a aura "faça você mesmo", para adquirir contornos estudados, programáticos. Sigur Rós era um concerto, uma trupe mambembe militante, uma revoada de anjos com feição de fetos (imagens que ilustram o denso CD "Ágaetis Byrjun", base do show de sexta).
A barreira intransponível Islândia/Brasil não permitia vislumbrar o conteúdo, mas se sabe que anjos portadores de síndrome de Down e meninos homossexuais impúberes frequentam seu imaginário. No palco, o caso era mais gestual, de mensagem cifrada, de um estranho e agudo vocalista moicano empunhando um arco de violino para tocar guitarra.
A canção viajandona "Svefn-G-Englar" era o clímax do sublime, assemelhando-os a aprendizes de Radiohead, como se ouvia por todo canto. Será? A fase progressiva-depressiva do Radiohead até é anterior, desde "OK Computer" (97), mas "Ágaetis Byrjun" (99) precede as façanhas Radiohead "Kid A" (2000) e "Amnesiac" (2001), ambas bem Sigur Rós.
Foram-se sem bis (careta esse festival que não permite bis), deixando na língua o travo de que o rock em 2001 é um senhor adulto, responsável, de boas intenções.
P.S.: Belle & Sebastian fez o grande show pop-rock da noite.
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