Folha Online Ilustrada  
Crítica
19/05/2001 - 05h13

Livro: "O Mesmo Mar" estabelece diálogo entre ficção e confissão

SYLVIA COLOMBO
da Folha de S.Paulo

Um álbum de fotografias. Imagens de rostos humanos, cenas caseiras, detalhes comezinhos do dia-a-dia de pessoas simples e muitas paisagens.

Assim é "O Mesmo Mar", novo livro do israelense Amós Oz.
Pequenos capítulos, frases curtas, poucas descrições ou adjetivos fazem dos episódios -que não duram mais do que duas páginas cada um- mais uma sugestão das situações do que a construção de cenários completos.

A trama acompanha o entrelaçamento de alguns triângulos amorosos. O principal deles tem em seu centro Albert Danon, um viúvo sexagenário. Seu filho, Rico, depois da morte da mãe, vítima de câncer, parte para o Tibete em busca de paz interior. Durante sua ausência, a namorada, Dita, aproxima-se do sogro idoso -a princípio, à procura de proteção. Ambos não conseguem evitar, porém, um envolvimento que mistura desejo com consolo.

Oz diz que este foi o livro mais difícil de escrever em toda a sua carreira. Tomou do escritor quase cinco anos de dedicação. Ele justifica a demora por ter sido tomado pela obsessão de romper alguns limites literários. O resultado é um texto que mistura prosa com poesia, ficção com biografia.

Seus personagens também quebram fronteiras, pois estabelecem diálogos não apenas entre os vivos e os mortos, como com pessoas distantes geograficamente e forças da natureza, como deserto e mar.

O contexto histórico é mero detalhe. Aparece em uma manchete de jornal sobre as negociações de paz ou em um shopping que toma lugar de uma velha quitanda. Mas isso parece menor que a importância do som do vento ou o marulho na memória coletiva.

Uma trama que se inicia com triângulos amorosos, traição, perda e culpa, sugere conflitos. Mas o que predomina é uma história sem picos dramáticos e que caminha -entre refeições conciliadoras e pequenos cuidados carinhosos entre os personagens- para uma situação de comunhão final.

Cheio de esperança e, por isso, em muitos momentos, ingênuo e romântico, "O Mesmo Mar" apresenta o que, para o autor, é a redenção dos homens. Exatamente ao mesmo tempo, porém, mostra como esta é transitória -como as ondas que quebram na beirada de seu deserto.

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 Serviço

O Mesmo Mar
Oto Há-Yam

Autor: Amós Oz
Tradução: Milton Lando
Editora: Companhia das Letras
Quanto: R$ 28 (325 págs.)



   
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